O líder da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), Kim Jong-un, e o presidente da República da Coreia, Moon Jae-in, vão encontrar-se amanhã de manhã na Linha de Demarcação Militar, na aldeia limítrofe de Panmunjom, para participar numa cimeira em que ambos querem deixar patente «a sua determinação em levar por diante o processo conjunto, com vista a alcançar a harmonia e o desenvolvimento de todo o território asiático», explicou um funcionário do governo sul-coreano, citado pela Prensa Latina.
É a primeira vez em 11 anos que Pyongyang e Seul realizam um encontro a este nível e, de acordo com a agenda prevista, Kim Jong-un irá atravessar a fronteira que divide a Península coreana em duas partes, na sequência da guerra que os EUA desencadearam na Coreia, entre 1950 e 1953, e que provocou milhões de mortos. Será o primeiro chefe de Estado da RPDC a fazê-lo.
No final da cimeira, prevê-se que Kim e Moon plantem uma árvore, na zona da fronteira, como símbolo da paz, «com terra e água de rio» de ambos os lados. Junto à árvore, haverá uma pedra onde ficarão inscritos os nomes de ambos os mandatários e a frase «Plantar a paz e a prosperidade».
Clima de distensão e aproximação
A cimeira desta sexta-feira foi antecedida por vários sinais de aproximação entre ambos os países. Em Janeiro, representantes de Pyongyang e Seul anunciaram a realização de viagens recíprocas de altos funcionários, a presença de desportistas da RPDC nas Olimpíadas e Paralimpíadas de Inverno PyeongChang 2018, e as actuações de artistas nos territórios de ambos os países.
Mais recemente, a melhoria de relações ficou plasmada na abertura de uma linha telefónica directa entre os mais altos representantes da RPDC e da República da Coreia.
Na quinta-feira, no âmbito da chamada Ofensiva para a Paz, Kim Jong-un anunciou, numa sessão plenária extraordinária do Comité Central do Partido dos Trabalhadores, que, a partir de de 21 de Abril, a RPDC iria parar com os ensaios nucleares e o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais, e iria encerrar o centro de ensaios nucleares da base de Punggye-ri.
A medida antecede não só a cimeira de amanhã com o presidente sul-coreano, mas também um encontro com o presidente de Estados Unidos, Donald Trump, previsto para finais de Maio ou início de Junho.
EUA testam míssil balístico intercontinental
O ano de 2017 ficou marcado pelo cerco dos EUA à RPDC. Ao discurso hostil sobre o arsenal nuclear norte-coreano – que se estima em dez ogivas –, os Estados Unidos da América juntaram a aplicação de múltiplas sanções contra a RPDC, ameaças de invasão do país asiático e um cerco militar que se concretizou em diversos exercícios militares conjuntos nas imediações da Península da Coreia.
Após o anúncio recente da RPDC, Donald Trump veio a público classificar a decisão como um «grande avanço» e afirmar que está com vontade de se encontrar com Kim. Entretanto, a política belicista norte-americana prossegue intocável e, esta quarta-feira, a sua Força Aérea testou o primeiro míssil balístico intercontinental do ano, a partir da base de Vandenberg, na Califórnia, segundo refere a RT.
De acordo com o Comando de Ataque Global da Força Aérea, o ensaio, que era para ter sido efectuado em Fevereiro, mas teve de ser adiado, constituiu um «êxito». A anteceder o encontro com Kim, Trump faz questão de levar as suas credenciais.
Num comunicado emitido em Outubro do ano passado, em que apelava ao desarmamento e manifestava preocupação com a escalada belicista, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) lembrava que os EUA detêm aproximadamente 40% do total de ogivas nucleares existentes no mundo e são responsáveis por cerca de 40% das despesas militares a nível mundial.
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