Numa declaração ao país proferida esta segunda-feira no Palácio de Miraflores (sede do executivo, em Caracas), o presidente da República apresentou mais detalhes sobre os ataques contra o Sistema Eléctrico Nacional (SEN), levados a cabo em três fases.
Nicolás Maduro não hesitou em considerar as acções de sabotagem a que o país tem sido submetido desde a semana passada como «uma estratégia de guerra», pela qual responsabilizou a administração imperialista norte-americana, depois de ver que «as tentativas de causar danos à Venezuela tinham sido infrutíferas».
«A Venezuela é quiçá o primeiro país do mundo vítima da tecnologia norte-americana de ataque cibernético contra um sistema eléctrico», disse Maduro, que denunciou que os danos gerados aos sistema de distribuição de electricidade foram provocados com tecnologia que apenas os Estados Unidos possuem, informa a TeleSur.
O chefe de Estado apontou também o dedo à oposição venezuelana, que, juntamente com determinadas figuras dos EUA, se vangloriou dos ataques ao sistema eléctrico, os festejou e publicitou. «Penso que existem elementos suficientes no ataque que sofremos para que o nosso povo reflicta bem sobre quem são os responsáveis», disse Maduro, citado pelo portal Alba Ciudad.
Ataque ao sistema eléctrico em três fases
Nicolás Maduro explicou que o «ataque mais cruel e mais sujo jamais perpetrado contra o povo da Venezuela», com início no passado dia 7, às 16h50 (hora local), ocorreu em três fases.
A primeira foi um ciberataque contra o «cérebro do sistema computarizado da empresa Corporación Eléctrica Nacional (Corpoelec) na Central Hidroeléctrica Simón Bolívar, localizada na barragem de El Guri (no estado de Bolívar)». Ainda nesta primeira etapa, houve outro ciberataque, a partir do exterior, dirigido ao cérebro do sistema de transmissão e distribuição eléctrica a nível nacional, que fica em Caracas.
De acordo com o presidente venezuelano, a recuperação de «ambos os cérebros electrónicos» foi parcialmente conseguida no sábado passado; no dia seguinte, os cientistas, especialistas e hackers que trabalharam nesta recuperação conseguiram «libertar [o sistema] dos ataques cibernéticos», refere a Alba Ciudad.
Nicolás Maduro deu ainda conta de um atentado, por via electromagnética, à 1h ou 2h da madrugada de dia 8, explicando que se tratou de ataques às linhas de transmissão com recurso a dispositivos móveis, que «interrompem e revertem os processos de recuperação».
A terceira fase disse respeito «ao incêndio e explosão de subestações eléctricas», como a que se verificou às 2h da manhã desta segunda-feira na subestação de Alto Prado (estado de Miranda), deixando Caracas sem luz numa altura em que tinha sido recuperado 95% do serviço de abastecimento eléctrico na capital.
Duas pessoas detidas em flagrante
O presidente venezuelano disse ainda que foram presas duas pessoas quando tentavam sabotar o sistema de comunicações de El Guri, para reverter o processo de recuperação. Maduro, que pediu justiça para os autores materiais das acções de sabotagem, sublinhou a necessidade de se apurar a autoria intelectual destas acções.
O chefe de Estado destacou a importância de haver «justiça no país», tendo afirmado que foram cometidos crimes graves – de traição à Pátria e contra os direitos humanos – que visavam gerar um estado de desespero, de desestabilização geral e de confronto entre os venezuelanos.
Neste contexto, felicitou o povo pelo seu civismo e resistência, bem como os trabalhadores da Corpoelec, a quem agradeceu todo o empenho, e disse que o governo bolivariano está a trabalhar para resolver os problemas de alimentação, água, segurança e saúde das populações, enquanto procede ao restabelecimento e à estabilização do serviço eléctrico, refere a Alba Ciudad.
Neste âmbito de recuperação do SEN em grande parte do país, Maduro anunciou ainda o prolongamento da suspensão das «actividades escolares e laborais» por mais 48 horas (dias 12 e 13), até à próxima quinta-feira.
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