Falando no encerramento de uma sessão solene que ontem teve lugar no Supremo Tribunal de Justiça, em Caracas, o chefe de Estado da Venezuela afirmou que as eleições presidenciais agendadas para 22 de Abril, no país caribenho, puseram «loucos» os Estados Unidos e os seus aliados.
Garantiu, no entanto, que na Venezuela não haverá nenhum golpe de Estado e que as eleições vão mesmo ter lugar, «demonstrando o carácter democrático» do país sul-americano. Neste sentido, sublinhou «a lealdade e o compromisso das Forças Armadas com o bem-estar do povo e o processo revolucionário na Venezuela», informa a Prensa Latina.
Nicolás Maduro disse ainda ter solicitado ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o prolongamento, até 25 de Fevereiro, do período de inscrição nos cadernos eleitorais dos venezuelanos que residem fora do país, de modo a garantir a sua participação no próximo acto eleitoral.
Uma das medidas tomadas no sentido de uma maior participação dos venezuelanos residentes no estrangeiro é a abertura do consulado da Venezuela em Miami, cidade norte-americana onde vive uma grande comunidade venezuelana. Maduro explicou que esta decisão dá resposta a um pedido feito por sectores da oposição durante as negociações que governo e oposição mantiveram na República Dominicana.
Boicote da oposição
A este propósito, afirmou ter conhecimento de que Julio Borges, um dos porta-vozes da oposição, pretende fugir da Venezuela e pedir asilo político, depois de, na semana passada, ter boicotado a assinatura do acordo de convivência democrática que iria culminar meses de diálogo entre oposição e governo da República Bolivariana da Venezuela.
Borges foi acusado pela delegação governamental em Santo Domingo, capital da República Dominicana, de ter recebido de Rex Tillerson, Secretário de Estado norte-americano, instruções para boicotar o acordo.
Apesar deste cenário, Nicolás Maduro mostrou-se esperançado de que 2018 seja «o ano da libertação definitiva do país», o ano de «grandes transformações no Sistema da Justiça», visando o seu fortalecimento e a garantia do direito dos venezuelanos à convivência pacífica.
Cooperação fronteiriça com a Colômbia
Maduro recomendou a realização de uma reunião entre os governos venezuelano e colombiano com o intuito de criar «um plano de paz na fronteira entre ambos os países», tendo encarregado dessa tarefa o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza.
O presidente venezuelano referiu-se à necessidade urgente de um «plano de paz binacional», para travar «os contrabandistas que roubam alimentos, gasolina e dinheiro da Venezuela», bem como os «traficantes de drogas».
Maduro destacou ainda o trabalho do procurador-geral, Tarek William Saab, pela sua «batalha contra a corrupção e em defesa dos valores patrimoniais do país», sem aludir às fortes críticas que este lançou, na passada segunda-feira, contra a Colômbia e os Estados Unidos, por agirem de forma coordenada com o propósito de «agredir militarmente a Venezuela».
As críticas de Saab seguiram-se às visitas de Rex Tillerson a Bogotá, na primeira semana de Fevereiro, e do chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Kurt Tidd, a Tumaco, também na Colômbia, no fim-de-semana passado.
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