Mais de 100 mil em Copacabana exigem «diretas já»

A acção de protesto, convocada por artistas e movimentos sociais brasileiros, reuniu este domingo perto de 150 mil pessoas no Rio de Janeiro, para exigir a renúncia de Michel Temer e a realização de eleições directas no imediato.

Um mar de gente encheu a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para exigir a saída de Temer e eleições directas já
Créditos / Movimento Diretas Já

A «mobilização-espectáculo», que começou por volta das 11h e terminou pelas 19h, juntou intelectuais, músicos, poetas, actores, deputados, líderes de movimentos associativos e dirigentes sindicais na exigência da saída do presidente golpista e tinha como objectivo fazer pressão sobre Congresso Nacional para que aprove uma emenda à Constituição brasileira permitindo a realização de eleições directas para a presidência da República, informa o Brasil de Fato.

Entre 100 e 150 mil pessoas participaram no protesto, um mar de gente que encheu a praia de Copacabana na sequência da convocatória realizada por vários artistas brasileiros e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Um dos momentos mais aguardados era a participação de Caetano Veloso e Milton Nascimento, que subiram ao palco pelas 17h e interpretaram diversos temas, mas optaram por não discursar. Caetano soltou um «Fora Temer!», refere o Portal Vermelho.

O «acto-show» contou também com a participação de Teresa Cristina, Criolo, Maria Gadú, Mano Brown, Mart'nália, Bnegão, Cordão da Bola Preta, Rappin'Hood, Elisa Lucinda ou Otto, e teve como mestre de cerimónias o actor Wagner Moura. Dirigindo-se ao público, Moura disse que «não é possível que Michel Temer siga sendo presidente. Também não é possível que o próximo presidente seja escolhido por esse Congresso, cúmplice do golpe e que tem 200 deputados investigados. Pode ser legal, mas não é legítimo. Temos direito de votar e queremos eleições diretas», sublinhou, citado pelo Brasil de Fato.

Na sua intervenção, Elisa Lucinda, cantora, poeta e actriz, pronunciou-se «a favor do amadurecimento da cidadania e da democracia brasileiras, e dos direitos dos trabalhadores» – regista o Portal Vermelho –, e afirmou: «Dirão para eu deixar de ser boba, porque desde Cabral todo mundo rouba. Eu digo que não, esse será meu Carnaval, só com o tempo a gente consegue ser ético e livre, e não admito que tentem tirar minha esperança. Não dá para mudar o começo, mas podemos mudar esse final.»

Gregório Duvivier, Antônio Pitanga, Osmar Prado, Bete Mendes, Daniel de Oliveira, Zezé Motta, Bemvindo Siqueira e Maria Casadevall foram alguns dos actores presentes no protesto e que tinham instado a população a mobilizar-se. Humberto Carrão, também actor, disse que «a gente não aguenta mais esse governo ilegítimo. E os deputados não podem escolher o próximo líder que vai governar o país, porque esse Congresso ignora o que pensa e reivindica a sociedade. Por isso gritamos hoje: Fora Temer e Diretas Já», clamou.

Pela sua dimensão, a mobilização de ontem a exigir «diretas já!» na praia de Copacabana «pode entrar para a história política» do país sul-americano, defende o Brasil de Fato, que evoca as grandes mobilizações de 1984, no Brasil, com milhares de pessoas nas ruas «contra a ditadura militar» e também a exigir eleições directas.

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