Num comunicado emitido esta quarta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês) afirma que «muitos dos ferimentos [infligidos às crianças] são graves e podem mudar as suas vidas para sempre, alguns dos quais resultaram em amputações».
O texto sublinha que «a intensificação da violência [em Gaza] agravou a situação das crianças, cujas vidas já são insuportavelmente difíceis há muitos anos».
A fragilidade do sistema de saúde na Faixa de Gaza – que é submetido «a grandes cortes de energia, à escassez de combustível, medicamentos e equipamentos» – ficou ainda mais exposta com «a violência recente», afirma a Unicef, de acordo com a qual as instalações de saúde no território cercado estão «a entrar em colapso devido à pressão das vítimas adicionais» da repressão israelita.
No documento, o organismo das Nações Unidas afirma que «as crianças devem ser protegidas» e apela a todos os actores nos territórios ocupados da Palestina a «pôr em prática medidas específicas para manter as crianças fora de perigo e evitar mortes de crianças».
Grande Marcha do Retorno
Desde 30 de Março, os palestinianos levaram a cabo protestos no âmbito daquilo a que chamaram «Grande Marcha do Retorno», contra o bloqueio à Faixa de Gaza, que dura há 11 anos, e pelo direito do regresso dos refugiados e seus descendentes às terras de onde foram expulsos pela limpeza étnica que o Estado de Israel perpetrou desde 1948.
Milhares de palestinianos participaram nos protestos, sempre mais participados às sextas-feiras e brutalmente reprimidos pelas forças armadas israelitas. Esta repressão intensificou-se na segunda-feira passada, 14 de Maio – jornada a que os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» em virtude da mudança da Embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém –, tendo-se registado 60 mortos e mais de 2700 feridos.
De acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, 102 palestinianos foram mortos e mais de 12 200 ficaram feridos desde 30 de Março, muitos dos quais atingidos por fogo real disparado por franco-atiradores israelitas dispostos ao longo da vedação que separa a Faixa de Gaza de Israel.
O comité organizador da Grande Marcha do Retorno sublinhou, no dia 14, que os palestinianos queriam «mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».
Esse comité apelou à realização de uma grande mobilização esta sexta-feira, com o lema «Sexta-feira pelos Mártires e pelos Feridos», refere a PressTV, acrescentando que os franco-atiradores, os tanques e demais veículos militares continuam dispostos ao longo da vedação.
Gaza na agenda: reuniões em Istambul e Genebra
Na Turquia, os líderes do mundo muçulmano estão reunidos numa cimeira de carácter urgente da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), com o propósito de «mostrar solidariedade aos palestinianos» e analisar «dois acontecimentos catastróficos recentes»: a «transferência ilegal e desatrosa da Embaixada dos EUA para Jerusalém» e o «massacre de palestinianos pelo regime sionista», disse à PressTV o presidente iraniano, Hassan Rouhani.
Em Genebra, realiza-se uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para debater «as alegações de crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza» e decidir sobre a constituição de uma comissão para investigar essas alegações.
A missão israelita junto das Nações Unidas tem ordens para evitar que tal investigação aconteça, indica a PressTV, referindo-se a uma reportagem do Canal 10 israelita.
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