O Dia do Legionário, a 16 de Março, é assinalado na Letónia desde os anos 90, para homenagear e evocar aqueles que fizeram parte da Legião da Letónia na Waffen Schutzstaffel (Tropa de Protecção Armada, mais conhecida como Waffen-SS).
O evento tem carácter anual, mas a sua realização foi suspensa nos últimos dois anos, devido às restrições associadas à pandemia de Covid-19. Esta quarta-feira, várias centenas de pessoas juntaram-se para participar na marcha, que, segundo a TV pública da Letónia, decorreu de forma «pacífica», sem grandes detalhes.
Há vários anos que fascistas e nacionalistas ucranianos realizam marchas de tochas para louvar a figura do colaborador nazi. Em Dezembro, o Parlamento decretou que o dia é feriado nacional na Ucrânia. Milhares de pessoas participaram esta terça-feira em marchas de tochas realizadas em várias cidades da Ucrânia, promovidas por partidos de extrema-direita (Pravi Sektor e Svoboda) e organizações abertamente neonazis (C14 e Natsionalni Korpus) para assinalar o 110.º aniversário do nascimento de Stepan Bandera, líder nacionalista ucraniano e colaborador das SS nazis. De acordo com a agência TASS, em Kiev, a mobilização, que juntou cerca de 2000 pessoas, contou com a participação de deputados do Parlamento ucraniano, militantes de forças de extrema-direita e representantes das regiões da Ucrânia. Ao longo do trajecto, os manifestantes exibiram tochas, bandeiras nacionais e de organizações fascistas, e fizeram ouvir «palavras de ordem contra a Rússia», revela a mesma fonte. Em meados de Dezembro, o Parlamento ucraniano aprovou uma resolução sobre a «comemoração de datas memoráveis e aniversários», em que se inclui o do nascimento de Stepan Bandera. O dia 1 de Janeiro passou então a ser um feriado nacional. Por seu lado a região de Lvov, no Ocidente do país, declarou 2019 como ano de Stepan Bandera. Stepan Bandera foi um líder destacado da Organização de Nacionalistas Ucranianos, surgida no final dos anos 20 para lutar pela criação de um Estado ucraniano independente. Com esse objectivo, a sua ala militar – Exército Insurgente Ucraniano (UPA, na sigla ucraniana) – colaborou com as forças nazis, lutando contra polacos e contra o avanço do Exército Vermelho, na Segunda Guerra Mundial. Estima-se que, entre 1943 e 1944, tenha sido responsável pela limpeza étnica de dezenas de milhares de polacos na região ocidental da Ucrânia – algo que foi reconhecido pelo Parlamento da Polónia, em 2016, como um «genocídio». Bandera colaborou com os nazis, ajudando a recrutar e a formar unidades de «nacionalistas ucranianos» para combater os soviéticos durante a guerra. Membros do seu movimento são acusados de participar em massacres, nomeadamente de judeus, polacos, comunistas, e de participar na organização de campos de concentração nazis. No final do conflito mundial, o UPA continuou activo, colaborando com os serviços secretos de vários países ocidentais em actividades contra a União Soviética e contra a Polónia socialista, cujo exército combateu. Actualmente, Stepan Bandera é visto como um herói nacional da Ucrânia – um estatuto que lhe foi reconhecido em 2010 pelas autoridades do país. Em 2015, já depois do golpe fascista de Fevereiro de 2014 em Kiev, o Parlamento ucraniano passou a considerar as actividades da Organização de Nacionalistas Ucranianos e do Exército Insurgente Ucraniano como «luta pela independência da Ucrânia». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Ucrânia volta a assinalar aniversário do nascimento do fascista Bandera
Bandera, colaborador nazi e herói nacional
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Em edições anteriores, o desfile contou com a participação de neonazis e veteranos legionários, que integraram a 15.ª e a 19ª divisões de Granadeiros da Waffen-SS.
A marcha tem sido alvo de contestação interna – com manifestantes a classificarem a Legião como «organização criminosa» e a lembrarem que «lutou ao lado de Hitler» – e criticada internacionalmente como forma de «glorificação do nazismo».
Organizações judaicas também têm denunciado sistematicamente este tipo de eventos em honra de colaboradores nazis, comuns nos estados bálticos e na Ucrânia.
Na edição anterior, em 2019, a Embaixada da Rússia no país do Báltico condenou a marcha de homenagem aos legionários da Waffen-SS, que classificou como «uma vergonha», lembrando que tal acontecia «na véspera do aniversário dos 75 anos da libertação de Riga dos invasores nazis».
No dia 11, a NATO publicou na sua página oficial de YouTube o filme «Forest Brothers. Fight for the Baltics», promovendo o revisionismo histórico e o enaltecimento do fascismo em detrimento da URSS. Junto ao vídeo, de oito minutos, afirma-se que, «depois da Segunda Guerra Mundial, soldados do Báltico que tinham lutado em ambos os lados da guerra desapareceram nas florestas para travar a guerra de guerrilha mais sangrenta na Europa, contra as forças soviéticas ocupantes». No mesmo dia, a Aliança Atlântica publicou na sua conta oficial de Twitter o trailer do filme, com 55 segundos de duração, dizendo que se trata da história dos «Forest Brothers», Irmãos da Floresta, que «lutaram contra o Exército soviético pelas suas pátrias após a Segunda Guerra Mundial». Trata-se de apresentar com visível dose de heroísmo a guerrilha que, entre 1944 e 1953, lutou contra as forças soviéticas pela independência da Lituânia, da Letónia e da Estónia, sem mostrar grande preocupação pelo facto de, nessas forças, estarem integrados muitos legionários das SS nazis ou os que, nos países bálticos, haviam colaborado com as forças invasoras nazi-fascistas. A propósito da publicação do filme pela NATO, o portal stalkerzone.org afirma que «a ideologia da russofobia parece subir mais um degrau […] e, daqui a pouco, torna-se moda e questão de prestígio falar da guerra contra o Exército Vermelho e apoiar o Terceiro Reich, como coisa gloriosa em nome da integração europeia». No mesmo portal, lembra-se ainda que a tradição dos «irmãos da floresta» não foi esquecida, sendo que a Letónia, a Estónia e a Lituânia possuem forças paramilitares, que actuam em estreita ligação com os respectivos ministérios da Defesa e, depois, com a NATO. O seu carácter anti-russo – e fascista – é assumido às claras e, segundo o portal, nos últimos três anos têm realizado exercícios conjuntos com «convidados ucranianos», nomeadamente do Batalhão de Azov e outros semelhantes. A propósito do vídeo, Maria Zakharova, a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, pediu hoje, na sua conta de Facebook, que «se veja com respeito as páginas trágicas da história e se repudie tão repugnante acção da Aliança Atlântica». Disse ainda esperar que «não seja necessário recordar os assassinatos massivos perpetrados por muitos dos membros dos Irmãos da Floresta». Ontem, a representação da Rússia junto da NATO considerou que o material fílmico constitui uma nova tentativa de reescrever a história, para a colocar de acordo com os processos políticos nas ex-repúblicas socialistas do Báltico, onde prolifera o neofascismo e o nacionalismo, informa a Prensa Latina. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
NATO glorifica colaboracionismo com nazis no Báltico
Passado e presente
Repúdio da diplomacia russa
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A Waffen-SS, que foi criada como uma ala armada do Partido Nazi alemão, foi considerada uma organização criminosa nos julgamentos de Nuremberga, após a Segunda Guerra Mundial, pela sua ligação ao Partido Nazi e envolvimento em inúmeros crimes de guerra e contra a Humanidade.
Glorificação do nazismo e reescrita da história
A Legião da Waffen-SS da Letónia foi fundada em 1943. Muitos dos seus membros viriam a integrar depois, juntamente com combatentes da Lituânia e da Estónia, os chamados Irmãos da Floresta, que lutaram contra as tropas soviéticas nos países bálticos até meados dos anos 50.
Em Julho de 2017, a NATO publicou um vídeo que apresentava, com visível dose de heroísmo, essa guerrilha anti-soviética, sem mostrar grande preocupação pelo facto de, nessas forças, estarem integrados muitos legionários das SS nazis ou os que, nos países bálticos, haviam colaborado com as forças invasoras nazi-fascistas.
Palavras de ordem xenófobas, slogans religiosos e símbolos fascistas marcaram a marcha que a extrema-direita polaca realizou este sábado em Varsóvia, no dia da independência do país. Para o ministro do Interior, Mariusz Blaszczak, foi «uma coisa bonita de se ver». Dezenas de milhares de nacionalistas de extrema-direita manifestaram-se este sábado nas ruas de Varsóvia, no contexto das comemorações do 99.º aniversário da refundação da Polónia como país. Horas antes, o presidente polaco, Andrzej Duda, tinha presidido às cerimónias oficiais, que contaram com a presença do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ex-primeiro-ministro do país. No entanto, estas cerimónias, assim como outros eventos de natureza patriótica agendados para ontem, foram ofuscadas pela manifestação de extrema-direita na capital. Nela, cerca de 60 mil manifestantes enalteceram ideias xenófobas, a supremacia branca, o anti-semitismo e a islamofobia. Na sua grande maioria, eram jovens, de cara tapada, com garrafas de cerveja na mão e tochas; mas também havia famílias e gente mais velha, revela o The Guardian. Numa das faixas que levavam, lia-se «Por uma irmandade entre as nações brancas da Europa». «Deus, honra, pátria», «Glória aos nossos heróis», «Morte aos inimigos da Pátria» e «Queremos a Deus», que era o lema da marcha deste ano, foram algumas das palavras de ordem ouvidas, segundo a Associated Press. Os organizadores falaram da importância de «combater os liberais e de defender o cristianismo». Durante a marcha, os manifestantes gritaram também palavras de ordem contra os refugiados e em defesa de uma «Polónia pura, Polónia branca», e mostraram bandeiras negras com o símbolo da Falanga, organização fascista dos anos 30. A televisão estatal TVP classificou a manifestação como uma «grande marcha de patriotas», refere o The Guardian, enquanto o ministro do Interior, Mariusz Blaszczak, disse que era «uma coisa bonita de se ver», manifestando o seu «orgulho por tantos polacos terem decidido participar numa celebração associada ao dia da independência». Também ontem, na capital polaca, houve uma contra-manifestação antifascista, de menor dimensão. Apesar de as autoridades terem mantido as duas mobilizações separadas, para evitar incidentes, elementos da extrema-direita atacaram um grupo de mulheres que mostravam uma faixa com a inscrição «Stop fascismo» e gritavam palavras de ordem antifascistas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Extrema-direita mobiliza 60 mil no dia da independência da Polónia
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Maria Zakharova, porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, pediu então que «se repudiasse tão repugnante acção da Aliança Atlântica». Disse ainda esperar que «não seja necessário recordar os assassinatos massivos perpetrados por muitos dos membros dos Irmãos da Floresta».
A representação da Rússia junto da NATO também se pronunciou, considerando que o material fílmico constituía uma nova tentativa de reescrever a história, para a colocar de acordo com os processos políticos nas ex-repúblicas socialistas do Báltico, onde prolifera o neofascismo e o nacionalismo.
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