Os Tories (Conservadores) obtiveram mais votos e elegeram mais deputados que qualquer das forças políticas concorrentes às eleições gerais que ontem se realizaram no Reino Unido. No entanto, ao anunciar, hoje, após uma audiência com a rainha, que tencionava formar um governo que «conferisse certeza e levasse a Grã-Bretanha para à frente num momento crítico para o país», Theresa May não era a figura confiante de há uns meses.
Em vez de reforçarem a sua posição na Casa dos Comuns – alegadamente para que o Reino Unido pudesse enfrentar as negociações do Brexit numa posição de maior força –, os Conservadores perderam 12 deputados (passaram de 330 para 318) e vão ter de recorrer ao apoio dos dez deputados do Partido Democrático Unionista (da Irlanda do Norte) para governar com maioria.
Arlene Foster, líder da força unionista, confirmou a abordagem dos Conservadores, mas ainda não é claro se irão formar uma coligação ou se o apoio será dado na Câmara, caso a caso. Pelo seu lado, May sublinhou «as fortes relações» que ligam o seu partido aos unionistas irlandeses, de extrema-direita e férreos apoiantes do Brexit (ao contrário da outra grande força política na Irlanda do Norte, o Sinn Feinn, que elegeu sete deputados, mas que não se farão representar em Londres).
Tendo em conta o figurino do DUP, é de esperar que colabore com May tanto no que se refere às negociações do Brexit como no endurecimento legislativo prometido pelos Conservadores após os ataques terroristas em Londres e Manchester. A primeira-ministra prometeu «reprimir o extremismo e dar mais forças às autoridades». Não há registos de que tenha abordado, neste contexto, o papel do Reino Unido na venda de armas aos sauditas ou na guerra de agressão à Síria.
Grande subida dos Trabalhistas
Em meados de Abril, o avanço dos Conservadores sobre os Trabalhistas nas sondagens era tão grande que alguns terão pensado em varrê-los do mapa, forçando o despedimento de Corbyn. Mas hoje, com 261 deputados (mais 32 do que tinham), são os Trabalhistas a pedir a Theresa May que se demita.
Pese embora o cerco mediático, nos últimos tempos as diferenças nas sondagens entre os dois maiores partidos britânicos foram-se encurtando, até estarem praticamente colados. À BBC, o líder dos Trabalhistas disse estar pronto para «servir o país». Ontem, ao inteirar-se das primeiras projecções após o fecho de urnas, Jeremy Corbyn disse que as pessoas «estavam fartas de austeridade, de cortes na despesa pública, de subfinanciamento na Saúde e na Educação», refere o The Guardian.
Fortes críticas a May
Os nacionalistas escoceses do SNP, que pretendem avançar com um novo referendo sobre a independência do seu país, deram um valente tombo, perdendo 21 dos 56 deputados que tinham no Parlamento de Londres. Nicola Sturgeon, líder do SNP, reconheceu-o, mas também sublinhou que a primeira-ministra «perdeu toda a autoridade e credibilidade», após os resultados destas eleições, lê-se na imprensa britânica.
Tim Farron, dos Liberais Democratas – que obtiveram mais quatro deputados, ficando com 12 –, também se mostrou bastante crítico para com Theresa May, afirmando que tinha sido «arrogante» ao convocar eleições antecipadas. «Esperava ser coroada», mas, agora, «devia ter vergonha» em continuar no posto, sublinhou.
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