Dia Nacional de Paralisação e Mobilização

Milhares manifestaram-se por todo o Brasil em defesa dos direitos

Convocada por nove centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, a jornada de luta de ontem contou com a participação de milhares de pessoas, que denunciaram as políticas laborais e sociais do governo Temer.

O Dia Nacional de Paralisação e Mobilização foi, para os organizadores, um «aquecimento» para a greve geral de protesto contra os ataques de Temer aos direitos dos trabalhadores
CréditosBrasil de Fato

Os objectivos do Dia Nacional de Paralisação e Mobilização, no âmbito do qual se realizaram actos em perto de 20 estados brasileiros, era, segundo os organizadores, fazer o «aquecimento» para uma greve geral – ainda sem data marcada – e denunciar as ameaças aos direitos dos trabalhadores, dos estudantes, dos pensionistas contidas nas reformas avançadas pelo governo não eleito de Michel Temer.

Em São Paulo, cerca de 30 mil pessoas participaram no acto do Dia Nacional de Paralisação e Mobilização. Presente na manifestação, Edson «Índio» Carneiro, secretário-geral da Intersindical, declarou que «químicos, bancários, professores, trabalhadores das universidades e um conjunto de trabalhadores cruzaram os braços para dizer um grande “não” aos ataques que o governo Temer e a maioria do Congresso querem impor ao povo brasileiro», refere o Brasil de Fato.

Por seu lado, Luana Correa, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), apontou a reforma do Ensino Médio como um dos aspectos negativos das propostas deste governo, que «não dialoga com as necessidades dos estudantes» e quer cortar 45% da verba no próximo ano. A dirigente estudantil sublinhou que estão também a ser postos em causa fundos e programas instituídos, nomeadamente um que permitiu que «as mulheres, os negros e negras, o povo do campo e da cidade, principalmente da periferia, pudesse ter acesso a educação de qualidade».

Também presente na mobilização paulista, Douglas Izzy, dirigente da Central Única de Trabalhadores (CUT), explicou que, com as reformas laborais de Temer, estão em causa direitos consagrados na Lei do Trabalho, como o 13.º mês, as férias pagas, as licenças de maternidade e paternidade, entre outros. Este governo pretende sujeitá-los à negociação directa entre patrão e empregado, o que «significa rebaixar o direitos dos trabalhadores, e nós somos contra», disse.

«(...) só com muita pressão e mobilização popular, unidade das centrais sindicais progressistas e de classe o governo usurpador porá um freio às propostas de retirada de direitos»

Ao Brasil de Fato, João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), disse que a mobilização constitui um forma de parar o golpe e, «acima de tudo, a retirada de direitos», que também vai afectar os trabalhadores do campo. Foi neste contexto que o MST e a Via Campesina aderiram à manifestação, acreditando «na possibilidade da construção da greve geral».

Jornada de luta por todo o Brasil

As mobilizações e paralisações ocorreram, ontem, no Distrito Federal e em muitas cidades dos estados brasileiros da Paraíba, Santa Catarina, Paraná, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro, Sergipe, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Amapá, Rio Grande do Sul, Bahia, Pará, Goiás, Minas Gerais, Ceará, segundo refere o Portal Vermelho.

No Rio Grande do Sul, houve mobilizações de protesto contra o governo de Temer e as suas políticas económicas e sociais nas cidades de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Na capital gaúcha, a Brigada Militar usou gás pimenta, granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo para impedir a paralisação nas garagens de autocarros, tal como foi denunciado pelo dirigente da CTB-RS, Guiomar Vidor.

As medidas de Michel Temer e a Justiça foram o alvo dos protestos em Goiás, onde os manifestantes reivindicaram a libertação dos «presos políticos de Goiás», recordando que no dia 17 deste mês foram presos 40 estudantes que ocuparam a sede do Conselho Estadual de Saúde e que líderes do MST se encontram presos desde Abril.

Na Bahia, milhares de manifestantes, entre os quais se encontrava a presidente destituída Dilma Rousseff, ocuparam as ruas de Salvador em protesto contra os ataques aos direitos dos trabalhadores do governo Temer. Também houve manifestações no interior do estado, em cidades como Correntina, Governador Mangabeira, Paulo Afonso e Feira de Santana.

Em Fortaleza (Ceará), trabalhadores de diversos sectores pararam uma das principais artérias da cidade, a Avenida Duque Caxias, e manifestaram-se em frente à Contax, uma das maiores empresas na capital do estado. Luciano Simplício, dirigente da CTB-CE disse ao Portal Vermelho que «estas actividades de hoje são apenas o aquecimento para a realização de uma Greve Geral». E acrescentou: «Temos a convicção de que só com muita pressão e mobilização popular, unidade das centrais sindicais progressistas e de classe o governo usurpador poderá pôr um freio às propostas que representam a retirada de direitos.»

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