A jornada de protesto contra a Lei do Trabalho que ontem teve lugar em França foi a primeira após a paragem de Verão e a 14.ª desde Março deste ano, na sequência da apresentação do pacote de reformas laborais conhecido como «Lei El Khomri».
Num comunicado, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) afirma que, por iniciativa de sete organizações sindicais, ontem se realizaram mais de 110 manifestações e concentrações, em todo o país, «para continuar a dizer “Não” à nova lei do trabalho».
Pese embora as enormes medidas de segurança a que tiveram de fazer frente, cerca de 170 mil trabalhadores vieram para as ruas pela 14.ª vez, afirma a confederação sindical, sublinhando que irá continuar a bater-se, em todos os terrenos, para travar a aplicação da lei, seja a nível local, nas empresas ou na Justiça.
Tanto o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, como o líder da Força Operária, Jean-Claude Mailly, acompanhados por outros dirigentes sindicais, participaram na manifestação que se realizou em Paris, onde, de acordo com os organizadores, mais de 40 mil pessoas se mobilizaram entre a Praça da Bastilha e a Praça da República (já a Polícia disse que os manifestantes não eram mais que 12 500, refere a Prensa Latina).
Um forte dispositivo de segurança, composto por centenas de polícias, rodeou a mobilização, que, no geral, decorreu de forma pacífica. No final, registaram-se confrontos entre alguns manifestantes e a Polícia, que usou gás lacrimogéneo e canhões de água. O mesmo se passou noutras cidades do país, nomeadamente em Nantes. De acordo com o Resumen Latinoamericano, foram detidas pelo menos 119 pessoas em toda a França.
Luta renovada contra a Lei do Trabalho
Com esta jornada de protesto contra a «lei dos patrões» e «por empregos mais seguros», trabalhadores e sindicatos mostraram que continuam firmes na luta contra a reforma laboral, que foi aprovada em Julho.
Na altura, confrontado com o repúdio maioritário da população, a divisão no seio dos socialistas e a possibilidade de os deputados aprovarem, na Assembleia Nacional, alterações favoráveis aos trabalhadores, o primeiro-ministro, Manuel Valls, recorreu ao artigo 49.3 da Constituição, que lhe permitiu aprovar a reforma por decreto, saltando a parte do debate e da votação no Parlamento.
O Governo defende que, com a nova legislação, irá modernizar as relações laborais e promover a criação de emprego, mas a maioria dos sindicatos insiste que o projecto está feito à medida dos interesses do patronato, permitindo aumentar a carga horária e a precariedade das condições de trabalho, bem como a facilitação dos despedimentos e a diminuição do valor das indemnizações.
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