Foi na sexta-feira, num hospital em Phoenix, no estado do Arizona, nos Estados Unidos.
Por três vezes campeão do mundo de pesos pesados (1964, 1974 e 1978), considerado o maior pugilista da história, Muhammad Ali não resistiu a complicações respiratórias. «Depois de um combate de 32 anos contra a doença de Parkison, Muhammad Ali morreu, aos 74 anos de idade», informou o porta-voz da família, Bob Gunnell.
Para além de revolucionar o boxe nos pesos pesados, Ali, que convivia com os líderes negros Martin Luther King e Malcon-X, enfrentou a segregação racial americana num dos momentos mais agudos.
Filho de escravos, rejeitou a herança esclavagista do seu apelido e decidiu mudar de nome. Passou a chamar-se Cassius X, em homenagem ao líder dos “Black Muslims”, Malcolm X. Pouco tempo depois converteu-se ao Islão e adoptou o nome de Muhammad Ali. «Cassius Clay é um nome escravo. Eu não o escolhi e não o quero», explicou.
Muhammad Ali fica para a história não só como pugilista, mas como um homem que se recusou a seguir as convenções dentro e fora do ringue e um defensor dos direitos dos negros. Campeão olímpico em 1960 , Muhammad atirou a medalha de ouro no rio Ohio porque recusaram servir-lhe num restaurante por ser negro.
«Eu sei que tive sucesso enquanto os negros estão num inferno. Mas enquanto eles não forem livres eu não sou livre», afirmou.
Manteve o título de campeão do mundo até 1967, altura em que foi afastado por se recusar a integrar o exército norte-americano e opôr-se com veemência à guerra do Vietname. Apesar de escapar à prisão, acabou por ser afastado dos ringues durante três anos.
«Vietcong nenhum me chama de “nigger” (termo pejorativo comumente usado pelos racistas americanos)», disse na altura Muhammad Ali.
Em 1971 voltou aos ringues e reconquistou o título de campeão mundial de pesos pesados em 1974, numa luta contra George Foreman, disputada no Zaire, um combate que ficaria para a história.
Ao fim de uma extraordinária carreira de 30 anos, com 56 vitórias em 61 combates, incluindo 22 em campeonatos do mundo, Muhammad Ali pendurava as luvas. Foi nessa altura que os primeiros sinais da doença de Parkison se começaram a manifestar.
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