Praticar a solidariedade no terreno, combatendo as desigualdades e ajudando os que mais sofrem as consequências da falta de políticas públicas, nestes tempos marcados pela pandemia de Covid-19, tem sido uma prática comum do MST.
No estado do Maranhão, na Região Nordeste do Brasil, este esforço foi reconhecido pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), que premiou o MST, pelas iniciativas que levou a cabo na fase pandémica, no âmbito das comemorações do 72.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, no início deste mês.
«E quem nos ajudará, a não ser a própria gente?» são versos do maranhense César Teixeira que exprimem a grande rede de solidariedade tecida pelo MST em todo o Brasil neste ano de 2020.
Na «Oração Latina», o poeta e cantor de São Luís do Maranhão, das terras do Bumba meu boi – também conhecido como «operário da sensibilidade»–, fala de sofrimento e também de esperança e solidariedade entre os povos.
Logo no início da pandemia – revela o Brasil de Fato, o comércio foi fechado, as pessoas ficaram isoladas e uma parte significativa viu-se numa situação de completo abandono – os sem-abrigo, nas ruas vazias. Nesse cenário, a primeira acção levada a cabo pelo MST no estado foi o Café Solidário, que serviu diariamente o pequeno-almoço à população a viver nas ruas.
Um dos dirigentes dos sem-terra no Maranhão, Aldenir Gomes, explica que combater as desigualdades é uma tarefa histórica do MST, mas, no contexto da pandemia, essa missão tornou-se ainda mais evidente – que passa por alimentar o corpo e também um projecto de sociedade em construção.
«O MST tem uma tarefa histórica de combater as desigualdades, e no período da pandemia essa tarefa ficou mais evidente. Alimentar a população com alimentos saudáveis, sem veneno […], requer pautar vários elementos da produção agroecológica e que esteja vinculado a um projecto de sociedade», diz ao Gomes ao Brasil de Fato.
Em todo o país sul-americano, os trabalhadores rurais sem terra doaram mais de três mil toneladas de alimentos a bairros das zonas periféricas urbanas, algo que resultou de uma decisão política de solidariedade activa com os trabalhadores da cidade.
Mas, além de alimentar o corpo, Aldenir Gomes reforça a necessidade de alimentar a esperança das pessoas e as condições para a construção de uma nova sociedade. Foi nesse sentido que o MST realizou também acções de consciencialização, plantação de mudas e formação de agentes populares de saúde que possam actuar nas suas comunidades e regiões.
A plantação de mudas e alimentos saudáveis é um projecto político e social que o MST promove a nível nacional, tendo como objectivo efectuar o plantio de 100 milhões de árvores nos próximos dez anos. Apesar da pandemia, a acção não foi interrompida.
«São processos importantes para além da alimentação, do acto de alimentar o corpo», diz Aldenir Gomes, acrescentando: «Você precisa alimentar a mente, alimentar o afecto e também alimentar a esperança. Alimentar a esperança de que uma nova sociedade é possível.»
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