No documento, publicado esta quarta-feira, o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) inclui 112 empresas que «considera terem facilitado a construção de colonatos, fornecido equipamento de vigilância para eles ou prestado serviços de segurança a empresas que aí operam», indica numa nota o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).
A lista integra 94 empresas israelitas e 18 de outros seis países (EUA, França, Países Baixos, Luxemburgo, Tailândia e Reino Unido). Entre estas, contam-se as conhecidas empresas de viagens Airbnb, Expedia, TripAdvisor e Booking.com.
Da lista fazem também parte o gigante tecnológico Motorola, o fabricante de produtos alimentares General Mills e empresas de construção e infra-estruturas como a francesa Egis Rail e a britânica JC Bamford Excavators, refere a mesma fonte, sublinhando que o relatório da ONU «não exige sanções nem tem qualquer impacto imediato sobre as empresas».
A publicação do relatório, que foi adiada durante anos em virtude das pressões exercidas por Israel e os EUA, é encarada como uma tentativa de identificar e denunciar empresas com ligações às actividades ilegais de Israel nos territórios palestinianos ocupados.
É também uma resposta à resolução 31/36, adoptada em 2016 pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, que solicitava ao ACNUDH a criação de uma base de dados de todas as empresas que realizam actividades específicas ligadas aos colonatos israelitas, bem como a investigação das «implicações dos colonatos nos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais do povo palestiniano».
Vitória do direito internacional e dos palestinianos
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al-Maliki, saudou a publicação do relatório como «uma vitória do direito internacional e dos esforços diplomáticos [palestinianos] para secar os recursos do sistema colonial representado nos colonatos ilegais no território palestiniano ocupado».
Al-Maliki pediu também aos estados-membros da ONU que «emitam as recomendações e instruções necessárias» às empresas apontadas para que terminem de imediato o seu trabalho com os colonatos israelitas, refere a HispanTV.
Por seu lado, o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammed Shtayyeh, afirmou a intenção de processar as empresas incluídas no relatório, recorrendo às instâncias jurídicas internacionais e aos tribunais dos seus países «pelo seu papel na violação dos direitos humanos».
Da parte das forças ocupantes israelitas, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, rejeitou a lista como o trabalho de um «organismo tendencioso e sem influência» e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, declarou tratar-se de «uma capitulação vergonhosa à pressão de países e organizações que estão interessados em prejudicar Israel», indica o MPPM.
Cerca de 600 mil israelitas vivem em mais de 230 colonatos construídos desde que, em 1967, Israel ocupou os territórios palestinianos da Cisjordânia e Jerusalém Oriental. O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou as actividades de colonização de Israel em várias resoluções, designadamente a resolução 2334, de Dezembro de 2016.
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