Num comunicado emitido este domingo, o ACNUDH repudiou uso excessivo da força policial nas manifestações anti-governamentais que a oposição tem promovido na capital das Honduras, Tegucigalpa.
Expressando preocupação pelo prosseguimento da violência nos protestos subsequentes à reeleição de Juan Orlando Hernánndez como presidente das Honduras, o organismo das Nações Unidas solicita aos corpos de segurança que usem a força de acordo com os princípios da necessidade e da proporcionalidade.
Neste sentido, o ACNUDH denuncia a utilização «indiscriminada de gás lacrimogéneo no dia 12 de Janeiro, que atingiu manifestantes que protestavam de modo pacífico, assim como residentes», lê-se no texto, citado pela TeleSur e pela HispanTV.
No documento, acrescenta-se que alguns agentes das forças de segurança atiraram pedras contra os manifestantes e registam-se várias denúncias relativas a agressões físicas a jornalistas que faziam a cobertura da manifestação.
O documento alude à manifestação da passada sexta-feira, em Tegucigalpa, promovida pela Aliança da Oposição contra a Ditadura, que é liderada pelo ex-candidato à presidência da República, Salvador Nasralla. Este acusa o Supremo Tribunal Eleitoral (STE) de ter cometido uma «fraude» ao proclamar vencedor o seu rival do Partido Nacional das Honduras, Hernández.
21 dias depois
No dia 17 de Dezembro, 21 dias após a realização das eleições presidenciais, o STE declarou Hernández como presidente eleito das Honduras, depois de divulgar os «resultados oficiais» do escrutínio, de acordo com os quais Juan Orlando Hernández obteve 42,95% dos votos e Salvador Nasralla 41,42%.
Este último denunciou praticamente desde o início a existência de «fraude». Um dia depois das eleições de 26 de Novembro e com cerca de 60% das actas escrutinadas, o candidato da oposição aparecia à frente do actual presidente com 5% de vantagem, mas, dois dias volvidos, depois de «problemas técnicos» na página do STE, Orlando Hernández passou para a frente – o que levantou suspeitas.
O anúncio da reeleição de Hernández levou à intensificação dos protestos no país centro-americano, que foram reprimidos com violência. De acordo com um relatório publicado pelo Comité de Familiares de Detidos e Desaparecidos nas Honduras (Cofadeh), entre 29 de Novembro e 31 de Dezembro de 2017, pelo menos 30 pessoas foram mortas, 232 pessoas foram feridas e mais de mil foram presas pelas forças de segurança do Estado.
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