Concluído este domingo o chamado escrutínio especial, em que o STE procedeu à recontagem e revisão de 5753 actas eleitorais, o presidente da entidade, David Matamoros, veio a público afirmar que não se tinham registado alterações nos resultados anteriormente anunciados, ou seja, que o actual presidente da República e candidato à reeleição pelo Partido Nacional, Juan Orlando Hernández, continua à frente, por 50 mil votos, de Salvador Nasralla, candidato à presidência pela Aliança da Oposição contra a Ditadura.
Numa conferência de imprensa que ontem deu na capital do país, Tegucigalpa, Nasralla manteve as acusações de «fraude e manipulação» no processo de escrutínio que fez praticamente deste o início da contagem dos votos.
Um dia depois das eleições e com cerca de 60% das actas escrutinadas, o candidato da oposição aparecia à frente do actual presidente com 5% de vantagem, mas, dois dias volvidos, depois de alguns «problemas técnicos» na página do STE, já era Orlando Hernández que estava à frente – e nunca mais deixou de estar.
Ontem, Salvador Nasralla insistiu que se trata de uma «fraude gigantesca» e reafirmou a necessidade de se rever as 18 128 actas e todos os documentos relativos ao processo eleitoral.
Fundamentou esta necessidade no artigo eleitoral 173.º, de acordo com o qual o processo eleitoral deve ser inteiramente revisto no caso de o número de votos nulos ser superior à diferença entre os dois principais candidatos. De acordo com o STE, Nasralla e Juan Orlando Hernández estão separados por 50 428 votos, e o número de votos nulos é 134 207, refere a TeleSur.
«Roubo da vitória»
Para o candidato da oposição, que afirma que ganhou as eleições de 26 de Novembro e que lhe estão a roubar essa vitória, «a única solução para a actual crise política que o país vive passa por dar ao povo o presidente que escolheu».
Salvador Nasralla acusou o STE de estar a executar um golpe em conluio com Orlando Hernández e disse que «não estranharia que as autoridades» dessa polémica comissão eleitoral «queimassem os cadernos ou os fizessem desaparecer», por estarem «habituados a roubar».
Por outro lado, solicitou a instâncias internacionais, nomeadamente à Organização de Estados Americanos, à União Europeia e à Embaixada dos EUA em Tegucigalpa, que não reconheçam os resultados do STE, indica a Prensa Latina.
Protestos nas ruas e forte repressão militar
Convocada pela Aliança da Oposição, realizou-se ontem uma «paralisação nacional», com grande expressão, contra a fraude nas presidenciais. De acordo com o Resumen Latinoamericano, houve mobilizações em vários pontos do país, na sua maioria pacíficas. Também houve cortes de estradas, barricadas nas ruas e confrontos com elementos do Exército.
Na sua edição de ontem, o periódico hondurenho El Libertador dava conta da «grande violência do Exército sobre a população que protesta nas ruas em permanência contra a fraude eleitoral» e referia a existência de «pelo menos 20 mortos durante a crise eleitoral», de acordo com os dados divulgados pelo Comité de Familiares de Detidos e Desaparecidos nas Honduras (Cofadeh) e outras organizações de defesa dos direitos civis.
As mesmas fontes indicam que, desde 27 de Novembro, foram presas mais de cem pessoas, sobretudo pela Polícia Militar e o Exército, e registaram mais de 500 violações graves dos direitos humanos.
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