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Pelo menos dez mortos e 14 detidos em onda de violência no Equador

A cidade de Guayaquil, no litoral do país sul-americano, foi o principal palco de uma jornada de violência, esta terça-feira, com o saldo de pelo menos dez mortos.

Créditos / Prensa Latina

O presidente do município da cidade costeira, Aquiles Álvarez, convocou um gabinete de emergência e, em conferência de imprensa, informou que vários episódios de violência tinham provocado a morte de oito pessoas.

Posteriormente, indica a TeleSur, um comunicado emitido pela Polícia confirmou que dois dos seus agentes haviam sido executados, elevando para dez o número de vítimas mortais nesta jornada do «conflito armado interno» no Equador.

Ao fazer um balanço dos acontecimentos, o comandante da Polícia de Guayaquil, José Angulos, informou que foram incendiadas quatro viaturas, houve ataques a cinco hospitais e a três dezenas de outras infra-estruturas, e que 14 alegados criminosos foram detidos.

As autoridades equatorianas informaram ainda que, ao longo do dia, receberam mais de 1900 chamadas telefónicas de pedido de auxílio.

Neste contexto, várias lojas no centro da cidade fecharam as portas e instituições públicas e órgãos de comunicação decretaram a evacuação dos seus trabalhadores.

A vaga de violência nas últimas horas também inclui explosões em Quito e Cuenca, motins em pelo menos cinco prisões do país sul-americano, e a fuga de dois cabecilhas de grupos criminosos, Adolfo Macías (Fito) e Colón Pico.

Prensa Latina

O presidente do Equador, Daniel Noboa, que na segunda-feira decretou o estado de excepção, assinou ontem um decreto em que reconhece a existência de um «conflito armado interno» no país sul-americano e no qual classifica como terroristas cerca de duas dezenas de grupos do crime organizado.

O chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, almirante Jaime Vela, afirmou que todos os grupos referidos no decreto presidencial são um «objectivo militar».

Actualmente, o estado de excepção que vigora no país determina o recolher obrigatório entre as 23h e as 5h.

Onde de violência ligada ao narcotráfico e à ineficácia das políticas neoliberais

Segundo refere a Prensa Latina, no final de 2023, o Equador era o país mais violento da América Latina, com mais de 7800 mortes violentas, um número que contrasta com a diminuição dos crimes até 2017.

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Pobreza e violência no Equador afastam os alunos das escolas

Os elevados índices de violência e de pobreza que o país sul-americano hoje vive constituem as principais causas do abandono escolar. Dados oficiais apontam para cerca de 40 mil casos de deserção.

Créditos / formacionib.org

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério equatoriano da Educação, cerca de 40 mil alunos do país não regressaram às aulas no novo ano lectivo.

Na zona da Costa, que integra várias províncias entre a cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, há pedidos para voltar ao ensino à distância, devido à insegurança, indica o periódico La Hora.

O Instituto Equatoriano de Estatística e Censos (INEC) identificou vários factores que aumentam a possibilidade de as crianças e jovens deixarem os estudos.

O primeiro (com 24,5%) é, segundo o INEC, a falta de recursos económicos. Na região da Costa, além da pobreza, a violência e a insegurança afectaram a frequência escolar, referiu a instituição.

Na província de Los Ríos, em cinco escolas do cantão de Baba as aulas presenciais tiveram de ser suspensas, devido à «vaga crescente de insegurança», indica a fonte.

Em Durán (província de Guayas), as autoridades solicitaram ao Ministério da Educação o regresso às aulas virtuais, tendo em conta o aumento de casos de mortes violentas. Na segunda semana de Setembro – refere a fonte –, foram ali assassinados dois estudantes, um deles depois de ter sido sequestrado.

No entanto, a titular da pasta da Educação, María Brown, recusou o pedido, alegando que, naquele cantão, há instituições educativas ao abrigo do programa «Escola Segura», que contam com segurança policial no exterior e dentro das instalações – neste caso, sem armas.

Mesmo com o programa em curso, as escolas não escapam ao perigo da violência, tendo inclusive a ministra reconhecido, em Abril deste ano, que há gangues a operar no interior das instituições de ensino.

De acordo com a Polícia Nacional, os grupos de delinquentes captam os estudantes, oferecendo-lhes retribuições económicas atractivas. Num relatório, a Polícia revelou que, pelo menos, 1326 menores, entre os 12 e os 17 anos, abandonaram as aulas no país andino para se juntar a gangues.

O documento dá conta, ainda, de vários crimes cometidos pelos adolescentes, relacionados com posse ilegal de armas, sicariato, micro-tráfico, assaltos, entre outros ligados ao crime organizado.

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Jorge Paladines, professor da Universidade Central do Equador, disse à agência cubana que a violência sistemática que o país sul-americano vive resulta de um processo de desestruturação deliberada do Estado de Direito, devido às políticas implementadas durante os últimos três governos.

De cada vez que há uma onda de violência, as medidas decretadas passam por estados de excepção, que justificam legalmente a participação dos militares no controlo da segurança.

Luis Córdova, também docente universitário, referiu que esta militarização das ruas é insuficiente, sendo necessário «expurgar as instituições», pois dentro do Estado «há uma brecha pela qual entra e sai informação para os grupos do crime».

«É imprescindível também uma abordagem de políticas públicas, não um Plano Fénix como o proposto por Noboa, em que não há clareza sobre os seus objectivos, meios e alcance», disse.

Por seu lado, o ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Kintto Lucas defendeu que, para lá da violência real, «o caos é demasiado pré-concebido, elaborado a partir da inteligência para justificar e ganhar uma consulta que consolide um modelo neoliberal no plano económico, fascista no plano político, contra a integração e submisso no plano internacional».

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