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Petrobras conclui venda da SIX a poucas semanas da mudança de governo

A venda da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) foi concretizada no dia 4. Trabalhadores do sector questionam a «negociata», quando o governo mais «entreguista» apaga as luzes.

Créditos / Sindipetro SP

A alienação de «outro importante patrimônio nacional», que «foi parar nas mãos do capital financeiro internacional», foi denunciada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Em nota publicada no seu portal, a organização sindical informa que a venda da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), situada em São Mateus do Sul (Paraná), ao grupo canadiano Forbes & Manhattan Resources foi fechada de forma definitiva no passado dia 4, quando faltam menos de dois meses para Luiz Inácio Lula da Silva assumir o governo do Brasil.

A SIX produz óleo combustível, gás combustível, produtos usados para asfalto, cimento e outros, informa o Brasil de Fato.

Também funciona como um centro avançado de pesquisa, tendo desenvolvido a Petrosix, tecnologia para extracção óleo combustível das rochas de folhelho betuminoso, que entrou no pacote de um negócio que, segundo os dados divulgados pela FUP, é prejudicial para os interesses da soberania brasileira e do erário público.

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Trabalhadores denunciam privatização das refinarias da Petrobras

Das 17 refinarias em funcionamento no Brasil, 13 são da Petrobras. Com o anúncio de venda de oito, trabalhadores denunciam que está «em risco a soberania energética do país».

Centenas de trabalhadores mobilizaram-se junto à Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, contra a privatização da Petrobras e o «entreguismo» do governo Temer
Trabalhadores mobilizados junto à Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, contra a privatização da Petrobras e o «entreguismo» do governo Temer Créditos / FUP

A Federação Única de Petroleiros (FUP) afirma que a direcção da Petrobras já deu início ao processo de venda de oito das 13 refinarias que possui de norte a sul do Brasil, uma «privatização» que «vai colocar em risco a soberania energética do país e aumentar ainda mais os preços dos derivados de petróleo», alerta num comunicado emitido esta sexta-feira.

Para a FUP, a gestão da Petrobras está a favorecer as empresas estrangeiras, «abrindo mão de activos que são economicamente estratégicos para a companhia e essenciais para a população, já que a missão principal da estatal é garantir o abastecimento nacional».

Em Maio do ano passado, a FUP promoveu a realização de uma greve de 72 horas com o intuito de alertar a população brasileira para o que está em causa: conter o processo de privatização da Petrobras; alterar a política que mantém as refinarias a operar apenas a 70% da sua capacidade e promove o aumento da importação de derivados; diminuir o preço do combustível e do gás doméstico que os brasileiros pagam.

Para alterar este cenário, os trabalhadores do sector petrolífero defendiam como fundamental a saída imediata de Pedro Parente, o então presidente da Petrobras, considerando-o responsável pela gestão «errada» à frente da empresa, ao serviço do governo golpista de Michel Temer e dos mercados internacionais.

A presidência da Petrobras foi entretanto assumida por Roberto Castello Branco, mas o apetite privatizador mantém-se. Em declarações ao Brasil de Fato, o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, acusa Castello Branco de «estar a mentir à sociedade brasileira quando diz que, ao privatizar as refinarias, vai tornar mais baratos os preços ao consumidor».

«A Petrobras tinha um compromisso social; hoje não, quer atender aos interesses dos accionistas. O resultado é que o preço dos derivados não pára de aumentar e, se for concluída a venda das refinarias, vai aumentar ainda mais», explica o coordenador da FUP.

Riquezas do povo brasileiro a saque

«A Petrobras já está sendo gerida como uma empresa privada; por isso, começou a praticar uma política de preços de derivados em sintonia com o mercado internacional», afirma Rangel, sublinhando que quem comprar as refinarias «não vai vender derivados no Brasil com preços abaixo do mercado internacional».


«Este modelo ultraliberal e privatizador que Castello Branco e a equipa económica do governo defendem nunca construiu nada no país, nunca descobriu uma reserva de petróleo, é um modelo predador das riquezas do povo brasileiro», denuncia o coordenador da FUP.

Em seu entender «seria mais honesto se eles assumissem que querem vender a Petrobras porque não suportam a ideia de uma empresa eficiente ser uma estatal e símbolo do sucesso do nosso povo».

Perante este cenário, a FUP promete luta, sublinhando que os trabalhadores do sector não irão medir esforços para defender a Petrobras e a soberania do Brasil. «Se eles não conhecem a história de resistência do sector, é bom que se preparem para o embate», disse José Maria Rangel.

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A nota destaca que «a cobiça do grupo canadense pela SIX vem sendo denunciada» desde 2012, numa trama que «envolve espionagem industrial, cooptação de ex-funcionários, prevaricação, entre outras irregularidades».

Por este e por outros motivos, a FUP e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) questionaram a venda da SIX na Justiça, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e no Tribunal de Contas da União (TCU).

«A venda da SIX, no Paraná, […] é mais um crime cometido contra o patrimônio nacional», afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, que espera conseguir reverter o negócio e a privatização.

Privatizações de Bolsonaro

Durante o governo bolsonarista, foram negociadas ou concluídas as vendas da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará; e da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, indica o Brasil de Fato.

O actual governo tem ainda intenção de vender a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; e a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.

Os trabalhadores do sector petrolífero têm desenvolvido intensa luta contra a alienação de património e a privatização da Petrobras. O presidente recém-eleito, Lula da Silva, mostrou-se contra a privatização das refinarias.

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