|Cazaquistão

Putin denuncia a participação estrangeira nas «revoltas» no Cazaquistão

O presidente russo disse esta segunda-feira que a ameaça ao Cazaquistão não foi provocada pelos protestos populares contra o preço dos combustíveis, mas por forças destrutivas internas e externas.

Edifício governamental incendiado em Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, durante os protestos e distúrbios que tiveram lugar dia 5 de Janeiro de 2022 
Créditos / Anadolu / RT

Ao intervir na cimeira extraordinária virtual dos países-membros da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), Vladimir Putin disse que quem veio para as ruas protestar contra os preços do gás tinha objectivos diferentes de quem pegou em armas e atacou o governo cazaque, indica a TASS.

Putin considerou «graves e preocupantes» os distúrbios dos últimos dias no país vizinho da Ásia Central, na medida em que afectam todas os países da OTSC (Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão), constituindo um «desafio sem precedentes para a segurança, a integridade e a soberania do Cazaquistão».

«Foram empregues activamente elementos de forte apoio informativo aos protestos, semelhantes às tecnologias de Maidan», disse Vladimir Putin, em alusão ao golpe de 2014 na Ucrânia, com apoio de Washington e da União Europeia.

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Ordem constitucional «quase reposta», após fortes tiroteios em Almaty

Pelo menos 26 participantes nos distúrbios foram mortos e mais 3000 detidos, segundo as autoridades cazaques, que afirmam que a situação está sob controlo na maior parte do país. Em Almaty, houve fortes tiroteios.

CréditosVladimir Tretyakov / RT

De acordo com o Ministério do Interior do Cazaquistão, que se refere aos detidos como «criminosos», foram feridos 18 «terroristas armados». A informação, divulgada hoje pelo canal estatal de TV Khabar-24, acrescenta que 18 membros das forças de segurança foram mortos durante os protestos e que 750 ficaram feridos.

É a primeira vez que as autoridades cazaques divulgam números de mortos no âmbito da operação de «contraterrorismo», depois de uma porta-voz da Polícia ontem ter referido «dezenas de atacantes eliminados», quando tentavam assumir o controlo das esquadras. Uma fonte não oficial, mencionada pela RT ontem à noite, apontava para 30 mortos só em Almaty.

Por seu lado, o Ministério da Saúde deu conta de mais de mil manifestantes e saqueadores feridos, 400 dos quais foram hospitalizados, 62 nos cuidados intensivos, indicou também a RT ontem à noite.

Ordem constitucional «quase reposta» e ordem para «atirar a matar»

O presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, afirmou hoje que a ordem constitucional foi «quase reposta» na maior parte das regiões do país e que as autoridades locais controlam a situação.

Disse, no entanto, que os «terroristas» ainda estavam a utilizar armas para causar danos nas propriedades dos cidadãos e que, por isso, as «medidas de contraterrorismo» continuavam em vigor.

«A Polícia e os militares podem atirar a matar sem aviso», disse Tokyaev, segundo o qual o seu país está a «enfrentar militantes armados e bem-treinados, tanto locais como estrangeiros», indica a RT. «Só em Almaty – disse – há 20 mil bandidos.»

Manifestantes em Almaty no dia 4 de Janeiro de 2022 / Ruslan Pryniakov / RT

Fortes distúrbios e tiroteios, sobretudo em Almaty

Em Almaty, um grupo de «agitadores» barricou-se esta madrugada nas instalações da Mir TV e, segundo refere a televisão Khabar-24, havia corpos no exterior. Na maior cidade do Cazaquistão ocorreram tiroteios ontem ao longo do dia, que pararam e foram retomados ao anoitecer, aponta a TASS.

As forças de segurança usaram fogo real e, ontem ao final do dia, anunciaram que tinham «libertado» a praça central da cidade e a antiga residência presidencial, depois de, segundo números oficiais, manifestantes, saqueadores, «bandidos» e «terroristas armados» terem queimado pelo menos 120 automóveis, escavacado umas 120 lojas, 180 restaurantes e cafetarias, além de uma centena de escritórios.

Segundo refere a RT, que dá conta de disparos noutras cidades cazaques, os «manifestantes» começaram a organizar postos de controlo nos limites da cidade, onde obrigavam as viaturas militares a parar e os efectivos a despir os uniformes.

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Forças de manutenção de paz destacadas no Cazaquistão

A Organização do Tratado de Segurança Colectiva enviou um contingente para «estabilizar» a situação no Cazaquistão, na sequência do pedido do presidente cazaque para fazer frente à «ameaça terrorista».

Forças de segurança nas ruas de Nur-Sultan, a capital do Cazaquistão 
CréditosTurar Kazangapov / TASS

O secretariado da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), um bloco de seis países da ex-URSS composto por Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão, disse esta quinta-feira à imprensa que as forças de manutenção da paz do organismo tinham sido enviadas para o país da Ásia Central, onde deverão permanecer por um período limitado de tempo, com o propósito de «estabilizar e normalizar a situação».

Forças militares russas já estão a desempenhar tarefas no terreno, segundo a TASS, e serão acompanhadas na missão de protecção de edifícios estatais e militares cazaques por elementos das forças armadas dos outros países da OTSC.

A decisão de enviar um contingente de paz para o Cazaquistão seguiu-se ao pedido realizado pelo chefe de Estado, Kassym-Jomart Tokayev, e «tendo em conta a ameaça à segurança nacional e à soberania da República do Cazaquistão, provocada em particular pela interferência externa», informou esta quinta-feira o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, que preside à OTSC em 2022.

«Ameaça terrorista»

Numa declaração transmitida pelo canal Khabar-24, Tokayev classificou os fortes protestos e violentos distúrbios que afectam o país desde 2 de Janeiro como uma «ameaça terrorista», que «está a minar a integridade do Estado». Nesse sentido, considerou bastante «oportuno» o pedido de ajuda que fez aos parceiros da OTSC.

Os protestos duram há cinco dias consecutivos. No dia 2, houve manifestações nas cidades de Zhanaozen e Aktau (Sudoeste do Cazaquistão) contra a subida dos preços do gás natural liquefeito.

Dois dias depois, registaram-se fortes distúrbios em Almaty, a antiga capital, no Sudeste do país, bem como noutras cidades, como Atyrau e Aktobe (Ocidente), Uralsk (Noroeste), Taraz, Shymkent e Kyzylorda (Sul), Karaganda (Nordeste) e na capital, Nur-Sultan.

De acordo com a RT, os protestos, inicialmente «pacíficos», rapidamente se tornaram «descontrolados» e «violentos». Em Almaty, a maior cidade do país asiático, com cerca de dois milhões de habitantes, ontem foi um dia particularmente violento, com multidões a atacarem edifícios governamentais, incluindo a antiga residência presidencial e a sede do município.

O aeroporto, tomado pelos manifestantes, foi posteriormente «reconquistado» pelas forças de segurança. Lojas de armas, instalações comerciais, bancos, hospitais foram atacados e saqueados, segundo referem a RT e a TASS.

Polícia e manifestantes frente a frente em Almaty / Vladimir Tretyakov / TASS

Operação contra elementos «altamente organizados» em Almaty

Ontem, Kassym-Jomart Tokayev aceitou a demissão do governo cazaque – que continuará em funções até ser aprovado um novo executivo – e declarou o estado de emergência por duas semanas nas regiões de Manguistau e Almaty, assim como nas cidades de Almaty e Nur-Sultan, que foi posteriormente alargado a todo o país.

Ao fim do dia, foi anunciada uma operação de contraterrorismo na cidade de Almaty «para restabelecer a ordem» e fazer frente a «bandidos extremistas» que, além dos saques, estavam «a pôr em causa a vida de civis».

Em comunicado, as autoridades afirmaram que os «bandidos» estavam «altamente organizados, evidenciando que foram bem treinados nos estrangeiro».

Sobre a operação posta em curso esta madrugada, Altanat Avirbek, porta-voz da Polícia, disse que as forças de segurança tinham conseguido evitar que os edifícios policiais em Almaty fossem tomados pelos manifestantes.

Estes tentaram assumir o controlo da sede da Polícia e de várias esquadras da cidade, disse Avirbek esta manhã, acrescentando que «dezenas de atacantes foram eliminados», refere a RT. «As suas identidades estão agora a ser definidas», explicou, sem dar mais detalhes.

De acordo com o canal russo, centenas de tropas cercaram a principal praça de Almaty e registou-se troca de tiros com um grupo de «agitadores».

De acordo com as autoridades cazaques, pelo menos 13 elementos das forças de segurança foram mortos, dois dos quais decapitados, nos violentos confrontos em Almaty. O número de feridos entre os polícias e outras forças de segurança chega a 353, refere o canal de TV estatal Khabar-24.

As decapitações são referidas como uma «prova directa da natureza extremista e terrorista dos grupos» envolvidos nos protestos, segundo as autoridades.

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Recorde-se que o estado de emergência foi decretado em todo o país, na sequência dos protestos violentos generalizados, no passado dia 4, que se seguiram aos que se tinham registado, de forma mais pacífica, segundo refere a RT, no Sudoeste do Cazaquistão contra o aumento substancial no preço dos combustíveis.

No dia 5, o chefe de Estado demitiu o governo e pediu ajuda à Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), integrado por Cazaquistão, Arménia, Bielorrússia, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão, que aceitou destacar um contingente de «manutenção de paz» para ajudar a «estabilizar e normalizar» a situação, segundo referiu o secretariado do organismo.

Preocupação russa

As autoridades da Federação Russa, que tem uma extensa fronteira terrestre com o Cazaquistão (quase 7000 quilómetros), relações próximas com o país vizinho e uma comunidade numerosa a residir lá, afirmaram desde o início que estavam «a acompanhar a situação».

Ontem, Valentina Matvienko, porta-voz do Conselho da Federação Russa, afirmou que «os distúrbios no Cazaquistão ameaçam a segurança nos países vizinhos» e, em conversa telefónica com Maulen Ashimbayev, representante do Parlamento cazaque, mostrou preocupação com «a dimensão das acções ilegais de extremistas armados», refere a TASS.

Por seu lado, Leonid Slutsky, presidente da Comissão de Assuntos Externos da Duma Estatal, escreveu no seu Telegram que os protestos «não podem ser acompanhados por vandalismo, incêndios criminosos, pilhagens, intimidação da população e rebelião contra as autoridades legítimas».

Referindo-se também à decapitação de membros das forças de segurança, disse que «já assistimos a isto, também na Síria e no Iraque; isto é um padrão claro de intervenção terrorista».

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«Percebemos que os acontecimentos no Cazaquistão não marcam nem a primeira nem a última tentativa de interferência estrangeira nos assuntos internos dos nossos países» afirmou o chefe de Estado russo, citado pela TASS, sublinhando que «as medidas que a OTSC tomou deixaram claro que não permitiríamos que ninguém desestabilizasse a situação na nossa região ou implementasse os chamados cenários das revoluções coloridas».

Putin disse ainda que os desenvolvimentos recentes mostraram que «certas forças estão à vontade no uso do ciberespaço e das redes sociais para recrutar extremistas e terroristas, bem como para criar células militantes adormecidas».

Cazaquistão enfrentou «uma tentativa de golpe de Estado»

Por seu lado, o presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, disse esta segunda-feira que o seu país viveu «tentativa de golpe de Estado» e que «todas as hostilidades foram coordenadas a partir de um centro», refere a RT.

De acordo com Tokayev, os preparativos para os violentos distúrbios dos últimos dias tiveram lugar num período de tempo prolongado. «Sob o manto dos protestos espontâneos, desenvolveu-se uma onda de distúrbios massivos», disse, acrescentando que, como se respondessem a uma só ordem, «apareceram radicais religiosos, criminosos, bandidos, saqueadores e pequenos agitadores».

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Tokayev: «pelo menos seis vagas de terroristas» atacaram Almaty

As autoridades cazaques dão conta do controlo da situação e da estabilidade crescente no país. No entanto, a tensão persiste e a Aeroflot cancelou vários voos com destino ao Cazaquistão.

Protestos e distúrbios em Almaty, Cazaquistão, no dia 5 de Janeiro de 2022 
CréditosVladimir Tretyakov / RT

De acordo com a TASS, a situação no país da Ásia Central está a estabilizar gradualmente desde ontem e é marcada por uma «calma relativa», mas não assim em Almaty, onde se verificaram os maiores distúrbios, saques e tiroteios dos últimos dias.

O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, que declarou 10 de Janeiro como dia de luto nacional, disse esta sexta-feira que a maior cidade do país foi palco de pelo menos «seis vagas de ataques terroristas.

«Bandidos e terroristas muito bem treinados, organizados e comandados pelo centro especial. Alguns deles falavam línguas não-cazaques. Houve pelo menos seis vagas de ataques de terroristas em Almaty, 20 mil no total», escreveu o chefe de Estado no Twitter.

«A análise da situação mostrou que o Cazaquistão está a enfrentar uma agressão armada, bem preparada e coordenada por grupos terroristas treinados a partir do estrangeiro», frisou.

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Ordem constitucional «quase reposta», após fortes tiroteios em Almaty

Pelo menos 26 participantes nos distúrbios foram mortos e mais 3000 detidos, segundo as autoridades cazaques, que afirmam que a situação está sob controlo na maior parte do país. Em Almaty, houve fortes tiroteios.

CréditosVladimir Tretyakov / RT

De acordo com o Ministério do Interior do Cazaquistão, que se refere aos detidos como «criminosos», foram feridos 18 «terroristas armados». A informação, divulgada hoje pelo canal estatal de TV Khabar-24, acrescenta que 18 membros das forças de segurança foram mortos durante os protestos e que 750 ficaram feridos.

É a primeira vez que as autoridades cazaques divulgam números de mortos no âmbito da operação de «contraterrorismo», depois de uma porta-voz da Polícia ontem ter referido «dezenas de atacantes eliminados», quando tentavam assumir o controlo das esquadras. Uma fonte não oficial, mencionada pela RT ontem à noite, apontava para 30 mortos só em Almaty.

Por seu lado, o Ministério da Saúde deu conta de mais de mil manifestantes e saqueadores feridos, 400 dos quais foram hospitalizados, 62 nos cuidados intensivos, indicou também a RT ontem à noite.

Ordem constitucional «quase reposta» e ordem para «atirar a matar»

O presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, afirmou hoje que a ordem constitucional foi «quase reposta» na maior parte das regiões do país e que as autoridades locais controlam a situação.

Disse, no entanto, que os «terroristas» ainda estavam a utilizar armas para causar danos nas propriedades dos cidadãos e que, por isso, as «medidas de contraterrorismo» continuavam em vigor.

«A Polícia e os militares podem atirar a matar sem aviso», disse Tokyaev, segundo o qual o seu país está a «enfrentar militantes armados e bem-treinados, tanto locais como estrangeiros», indica a RT. «Só em Almaty – disse – há 20 mil bandidos.»

Manifestantes em Almaty no dia 4 de Janeiro de 2022 / Ruslan Pryniakov / RT

Fortes distúrbios e tiroteios, sobretudo em Almaty

Em Almaty, um grupo de «agitadores» barricou-se esta madrugada nas instalações da Mir TV e, segundo refere a televisão Khabar-24, havia corpos no exterior. Na maior cidade do Cazaquistão ocorreram tiroteios ontem ao longo do dia, que pararam e foram retomados ao anoitecer, aponta a TASS.

As forças de segurança usaram fogo real e, ontem ao final do dia, anunciaram que tinham «libertado» a praça central da cidade e a antiga residência presidencial, depois de, segundo números oficiais, manifestantes, saqueadores, «bandidos» e «terroristas armados» terem queimado pelo menos 120 automóveis, escavacado umas 120 lojas, 180 restaurantes e cafetarias, além de uma centena de escritórios.

Segundo refere a RT, que dá conta de disparos noutras cidades cazaques, os «manifestantes» começaram a organizar postos de controlo nos limites da cidade, onde obrigavam as viaturas militares a parar e os efectivos a despir os uniformes.

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Forças de manutenção de paz destacadas no Cazaquistão

A Organização do Tratado de Segurança Colectiva enviou um contingente para «estabilizar» a situação no Cazaquistão, na sequência do pedido do presidente cazaque para fazer frente à «ameaça terrorista».

Forças de segurança nas ruas de Nur-Sultan, a capital do Cazaquistão 
CréditosTurar Kazangapov / TASS

O secretariado da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), um bloco de seis países da ex-URSS composto por Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão, disse esta quinta-feira à imprensa que as forças de manutenção da paz do organismo tinham sido enviadas para o país da Ásia Central, onde deverão permanecer por um período limitado de tempo, com o propósito de «estabilizar e normalizar a situação».

Forças militares russas já estão a desempenhar tarefas no terreno, segundo a TASS, e serão acompanhadas na missão de protecção de edifícios estatais e militares cazaques por elementos das forças armadas dos outros países da OTSC.

A decisão de enviar um contingente de paz para o Cazaquistão seguiu-se ao pedido realizado pelo chefe de Estado, Kassym-Jomart Tokayev, e «tendo em conta a ameaça à segurança nacional e à soberania da República do Cazaquistão, provocada em particular pela interferência externa», informou esta quinta-feira o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, que preside à OTSC em 2022.

«Ameaça terrorista»

Numa declaração transmitida pelo canal Khabar-24, Tokayev classificou os fortes protestos e violentos distúrbios que afectam o país desde 2 de Janeiro como uma «ameaça terrorista», que «está a minar a integridade do Estado». Nesse sentido, considerou bastante «oportuno» o pedido de ajuda que fez aos parceiros da OTSC.

Os protestos duram há cinco dias consecutivos. No dia 2, houve manifestações nas cidades de Zhanaozen e Aktau (Sudoeste do Cazaquistão) contra a subida dos preços do gás natural liquefeito.

Dois dias depois, registaram-se fortes distúrbios em Almaty, a antiga capital, no Sudeste do país, bem como noutras cidades, como Atyrau e Aktobe (Ocidente), Uralsk (Noroeste), Taraz, Shymkent e Kyzylorda (Sul), Karaganda (Nordeste) e na capital, Nur-Sultan.

De acordo com a RT, os protestos, inicialmente «pacíficos», rapidamente se tornaram «descontrolados» e «violentos». Em Almaty, a maior cidade do país asiático, com cerca de dois milhões de habitantes, ontem foi um dia particularmente violento, com multidões a atacarem edifícios governamentais, incluindo a antiga residência presidencial e a sede do município.

O aeroporto, tomado pelos manifestantes, foi posteriormente «reconquistado» pelas forças de segurança. Lojas de armas, instalações comerciais, bancos, hospitais foram atacados e saqueados, segundo referem a RT e a TASS.

Polícia e manifestantes frente a frente em Almaty / Vladimir Tretyakov / TASS

Operação contra elementos «altamente organizados» em Almaty

Ontem, Kassym-Jomart Tokayev aceitou a demissão do governo cazaque – que continuará em funções até ser aprovado um novo executivo – e declarou o estado de emergência por duas semanas nas regiões de Manguistau e Almaty, assim como nas cidades de Almaty e Nur-Sultan, que foi posteriormente alargado a todo o país.

Ao fim do dia, foi anunciada uma operação de contraterrorismo na cidade de Almaty «para restabelecer a ordem» e fazer frente a «bandidos extremistas» que, além dos saques, estavam «a pôr em causa a vida de civis».

Em comunicado, as autoridades afirmaram que os «bandidos» estavam «altamente organizados, evidenciando que foram bem treinados nos estrangeiro».

Sobre a operação posta em curso esta madrugada, Altanat Avirbek, porta-voz da Polícia, disse que as forças de segurança tinham conseguido evitar que os edifícios policiais em Almaty fossem tomados pelos manifestantes.

Estes tentaram assumir o controlo da sede da Polícia e de várias esquadras da cidade, disse Avirbek esta manhã, acrescentando que «dezenas de atacantes foram eliminados», refere a RT. «As suas identidades estão agora a ser definidas», explicou, sem dar mais detalhes.

De acordo com o canal russo, centenas de tropas cercaram a principal praça de Almaty e registou-se troca de tiros com um grupo de «agitadores».

De acordo com as autoridades cazaques, pelo menos 13 elementos das forças de segurança foram mortos, dois dos quais decapitados, nos violentos confrontos em Almaty. O número de feridos entre os polícias e outras forças de segurança chega a 353, refere o canal de TV estatal Khabar-24.

As decapitações são referidas como uma «prova directa da natureza extremista e terrorista dos grupos» envolvidos nos protestos, segundo as autoridades.

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No dia 5, o chefe de Estado demitiu o governo e pediu ajuda à Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), integrado por Cazaquistão, Arménia, Bielorrússia, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão, que aceitou destacar um contingente de «manutenção de paz» para ajudar a «estabilizar e normalizar» a situação, segundo referiu o secretariado do organismo.

Preocupação russa

As autoridades da Federação Russa, que tem uma extensa fronteira terrestre com o Cazaquistão (quase 7000 quilómetros), relações próximas com o país vizinho e uma comunidade numerosa a residir lá, afirmaram desde o início que estavam «a acompanhar a situação».

Ontem, Valentina Matvienko, porta-voz do Conselho da Federação Russa, afirmou que «os distúrbios no Cazaquistão ameaçam a segurança nos países vizinhos» e, em conversa telefónica com Maulen Ashimbayev, representante do Parlamento cazaque, mostrou preocupação com «a dimensão das acções ilegais de extremistas armados», refere a TASS.

Por seu lado, Leonid Slutsky, presidente da Comissão de Assuntos Externos da Duma Estatal, escreveu no seu Telegram que os protestos «não podem ser acompanhados por vandalismo, incêndios criminosos, pilhagens, intimidação da população e rebelião contra as autoridades legítimas».

Referindo-se também à decapitação de membros das forças de segurança, disse que «já assistimos a isto, também na Síria e no Iraque; isto é um padrão claro de intervenção terrorista».

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Tokayev disse que a operação antiterrorista se mantinha e revelou que foi criado um grupo espacial para investigar «as causas profundas» da situação e «levar perante a Justiça» os que violaram a lei, tendo destacado que «espancaram e mataram polícias e jovens soldados, incendiaram edifícios administrativos, saquearam espaços privados e lojas, mataram cidadãos laicos, violaram mulheres jovens», refere a RT.

O Ministério do Interior referiu que os fortes protestos e distúrbios, no início aparentemente espoletados pela subida do preço do gás liquefeito, se saldaram com 18 mortos entre as forças de segurança, dois dos quais decapitados, e 26 «criminosos abatidos».

A mesma fonte, referida pela TASS, indica que foram detidas mais de 4400 pessoas. Por seu lado, a RT refere que, só entre os detidos numa localidade da província de Almaty, havia mais de cem cidadãos de um país vizinho.

Uma estimativa provisória aponta para mais de 200 milhões de dólares de prejuízos causados pela violência, a destruição e os saques que se fizeram sentir no país, sobretudo, a partir de dia 4, embora os protestos tenham começado no dia 2.

Situação não inteiramente estabilizada

A Aeroflot cancelou os voos hoje previstos entre Moscovo e Almaty, Shymkent e Nur-Sultan, noticia a TASS. Além disso, as autoridades russas decidiram recorrer à Força Aérea para retirar de Almaty um grupo de cidadãos russos.

Entretanto, no passado dia 5, tendo em conta a rápida deterioração da situação e aquilo que classificou como a «ameaça terrorista» ao país, o presidente cazaque pediu ajuda aos parceiros da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC).

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Forças de manutenção de paz destacadas no Cazaquistão

A Organização do Tratado de Segurança Colectiva enviou um contingente para «estabilizar» a situação no Cazaquistão, na sequência do pedido do presidente cazaque para fazer frente à «ameaça terrorista».

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Forças militares russas já estão a desempenhar tarefas no terreno, segundo a TASS, e serão acompanhadas na missão de protecção de edifícios estatais e militares cazaques por elementos das forças armadas dos outros países da OTSC.

A decisão de enviar um contingente de paz para o Cazaquistão seguiu-se ao pedido realizado pelo chefe de Estado, Kassym-Jomart Tokayev, e «tendo em conta a ameaça à segurança nacional e à soberania da República do Cazaquistão, provocada em particular pela interferência externa», informou esta quinta-feira o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, que preside à OTSC em 2022.

«Ameaça terrorista»

Numa declaração transmitida pelo canal Khabar-24, Tokayev classificou os fortes protestos e violentos distúrbios que afectam o país desde 2 de Janeiro como uma «ameaça terrorista», que «está a minar a integridade do Estado». Nesse sentido, considerou bastante «oportuno» o pedido de ajuda que fez aos parceiros da OTSC.

Os protestos duram há cinco dias consecutivos. No dia 2, houve manifestações nas cidades de Zhanaozen e Aktau (Sudoeste do Cazaquistão) contra a subida dos preços do gás natural liquefeito.

Dois dias depois, registaram-se fortes distúrbios em Almaty, a antiga capital, no Sudeste do país, bem como noutras cidades, como Atyrau e Aktobe (Ocidente), Uralsk (Noroeste), Taraz, Shymkent e Kyzylorda (Sul), Karaganda (Nordeste) e na capital, Nur-Sultan.

De acordo com a RT, os protestos, inicialmente «pacíficos», rapidamente se tornaram «descontrolados» e «violentos». Em Almaty, a maior cidade do país asiático, com cerca de dois milhões de habitantes, ontem foi um dia particularmente violento, com multidões a atacarem edifícios governamentais, incluindo a antiga residência presidencial e a sede do município.

O aeroporto, tomado pelos manifestantes, foi posteriormente «reconquistado» pelas forças de segurança. Lojas de armas, instalações comerciais, bancos, hospitais foram atacados e saqueados, segundo referem a RT e a TASS.

Polícia e manifestantes frente a frente em Almaty / Vladimir Tretyakov / TASS

Operação contra elementos «altamente organizados» em Almaty

Ontem, Kassym-Jomart Tokayev aceitou a demissão do governo cazaque – que continuará em funções até ser aprovado um novo executivo – e declarou o estado de emergência por duas semanas nas regiões de Manguistau e Almaty, assim como nas cidades de Almaty e Nur-Sultan, que foi posteriormente alargado a todo o país.

Ao fim do dia, foi anunciada uma operação de contraterrorismo na cidade de Almaty «para restabelecer a ordem» e fazer frente a «bandidos extremistas» que, além dos saques, estavam «a pôr em causa a vida de civis».

Em comunicado, as autoridades afirmaram que os «bandidos» estavam «altamente organizados, evidenciando que foram bem treinados nos estrangeiro».

Sobre a operação posta em curso esta madrugada, Altanat Avirbek, porta-voz da Polícia, disse que as forças de segurança tinham conseguido evitar que os edifícios policiais em Almaty fossem tomados pelos manifestantes.

Estes tentaram assumir o controlo da sede da Polícia e de várias esquadras da cidade, disse Avirbek esta manhã, acrescentando que «dezenas de atacantes foram eliminados», refere a RT. «As suas identidades estão agora a ser definidas», explicou, sem dar mais detalhes.

De acordo com o canal russo, centenas de tropas cercaram a principal praça de Almaty e registou-se troca de tiros com um grupo de «agitadores».

De acordo com as autoridades cazaques, pelo menos 13 elementos das forças de segurança foram mortos, dois dos quais decapitados, nos violentos confrontos em Almaty. O número de feridos entre os polícias e outras forças de segurança chega a 353, refere o canal de TV estatal Khabar-24.

As decapitações são referidas como uma «prova directa da natureza extremista e terrorista dos grupos» envolvidos nos protestos, segundo as autoridades.

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O primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, que preside à OTSC em 2022, informou que a decisão de enviar um contingente de paz para o Cazaquistão foi tomada na sequência do pedido realizado pelo chefe de Estado cazaque e «tendo em conta a ameaça à segurança nacional e à soberania da República do Cazaquistão, provocada em particular pela interferência externa».

De acordo com secretariado da OTSC, as forças de paz deverão permanecer no país centro-asiático «por um período de tempo limitado». O secretário-geral da OTSC, Stanislav Zas, disse à RIA Novosti que o prazo «dependerá da situação no Cazaquistão e do posicionamento das suas autoridades».

Acrescentou que, se o Cazaquistão «considera que a situação está estabilizada e que a controla com as suas próprias forças, sem a ajuda de todos os estados [da OTSC], a missão estará completa e todas as tropas serão retiradas».

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As reivindicações socioeconómicas e políticas apresentadas no início dos protestos «foram ouvidas e atendidas» pelas autoridades, mas foram «relegadas para um segundo ou terceiro plano e esquecidas», afirmou o chefe de Estado cazaque. Seguiu-se a «fase quente», em que participaram os grupos armados que esperavam por esse momento.

Kassym-Jomart Tokayev agradeceu ainda a ajuda prestada ao país centro-asiático pelos parceiros da OTSC, destacando que foi graças às suas forças que foi possível «normalizar» a situação na cidade de Almaty.

Tajiquistão alerta para presença de extremistas na fronteira sul da OTSC

Ao intervir na cimeira extraordinária da OTSC para discutir o Cazaquistão, o presidente tajique, Emomali Rahmon, disse que os serviços secretos do seu país informaram que mais de 6000 «militantes» se encontram no Nordeste do Afeganistão, perto das fronteiras dos países-membros da organização.

Rahmon, que deu conta da existência de mais de 40 acampamentos e centros de treino nessa região do território afegão, denunciou que a situação na fronteira tajique-afegã é cada vez mais difícil, com combates entre os talibãs. Neste sentido, sugeriu a criação de uma «faixa de segurança em redor do Afeganistão», revela a TASS.

Por seu lado, o chefe do executivo do Qirguistão, Akylbek Japarov, alertou para a possibilidade de que os elementos destrutivos que participaram nos distúrbios no Cazaquistão entrem noutros países da região.

Disse ter informações de que grande quantidade de armamento caiu nas mãos de grupos criminosos, «que podem tentar criar uma atmosfera de caos».

O primeiro-ministro quirguize também admitiu a possibilidade de que compatriotas seus tenham participado na violência dos últimos dias no país vizinho. Entre os detidos de nacionalidade estrangeira, Kassym-Jomart Tokayev confirmou que havia elementos afegãos e do Médio Oriente.

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