É já a prática do tão democrático ocidente que só aceita projectos de média que sejam financiados por milionários afectos ao pensamento dominante e criados para manter e não colocar em causa a organização social hegemónica. A censura começa a ser normalizada quando o que é noticiado não interessa a quem detém o poder político na salvaguarda do poder económico.
Depois da censura à RT e ao Redfish Stream, a META e a Google decidiram censurar o red. media, uma plataforma semelhante às anteriormente banidas, com forte presença online e que destoava da narrativa que os órgãos de comunicação social detidos pelo grande capital impõem. Em suma, o red. ficou sem contas no Instagram, Facebook e Youtube, todas plataformas que permitiam ao projecto amplificar a sua mensagem.
O acto de censura vem no seguimento de uma orientação directa dada por Anthony Bliken, secretário de Estado norte-americano. Sem apresentar nenhuma prova, Blinken acusou o red. de fazer parte de uma «operação secreta» concebida para divulgar «conteúdo e mensagens produzidos pelo Kremlin […] em todo o mundo», assim como também afirmou que o projecto de média de estar a manipular os resultados de «eleições democráticas nos Estados Unidos» e «em todo o mundo».
Importa frisar que o red. media financia-se através das contribuições dos seus leitores e conta com jornalistas freelancers em todo o mundo para noticiar as diversas lutas sociais e ataques às mesmas que vão acontecendo em redor do globo.
O red. consegue localizar o ínicio do ataque que tem vindo a sofrer, afirmando que desde 7 de Outubro está «na vanguarda da cobertura da repressão horrível da Alemanha contra vozes pró-palestinas» e que sabia que «havia um grande risco em cobrir esse tópico em um país que é um dos principais colaboradores do genocídio».
Por este posicionamento, em Maio de 2024, o jornal alemão Tagesspiegel, acusou o red. de «organizar protestos pró-palestinos em massa na Alemanha», uma alegação que, segundo os acusados, não tem cabimento e já foi desmentida. Face às acusações, o Departamento de Estado dos EUA não apenas repetiu as alegações contra o red., como criou a teoria que estes fazem parte de uma operação secreta.
A razão para a censura que se veio a fazer parece estar, isso sim, no estatuto editorial do red.: «O nosso objetivo é elevar vozes ousadas e progressistas no mundo digital e destacar questões sociais e políticas críticas que se concentram em nossos direitos coletivos. Nós nos esforçamos para abranger as vozes de povos oprimidos lutando contra o capitalismo, o imperialismo e o racismo, ativistas na linha de frente da luta contra o ecocídio e defensores dos direitos LGBTQ+».
Apesar do cerco que está a ser criado, ainda é possível acompanhar o trabalho desenvolvido por esta plataforma de média no seu site, no Telegram, no Twitter, ODYSEE e numa outra conta de Instagram que fora criada para salvaguardar a censura da conta principal.
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