O Ministério russo da Defesa anunciou, esta segunda-feira, as medidas que vai tomar para «reforçar as possibilidades de combate do sistema de defesa anti-aérea sírio», na sequência do abate do avião russo de reconhecimento Il-20, no passado dia 17, com 15 militares a bordo.
«[O derrube] obrigou-nos a tomar medidas de resposta adequadas, visando aumentar a segurança dos militares russos que estão a cumprir tarefas de luta contra o terrorismo internacional na Síria», declarou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, citado pela RT.
O ministro informou que a Rússia irá entregar às Forças Armadas sírias, nas próximas duas semanas, o sistema de mísseis anti-aéreos S-300, um sistema capaz de interceptar mísseis a uma distância superior a 250 quilómetros e de atingir diversos alvos aéreos.
A notícia deve constituir uma preocupação para Israel, tanto mais que, explicou o ministro, este sistema já esteve para ser entregue à Síria em 2013, mas não o foi devido a um pedido então efectuado pelos israelitas. «Agora, a situação mudou. E não foi por culpa nossa», disse, acrescentando que os militares sírios já têm a preparação necessária para lidar com o novo sistema.
Medidas para «arrefecer cabeças quentes»
Os militares russos irão também fornecer melhores sistemas de controlo, automáticos, às unidades de comando da defesa anti-aérea síria, «que são apenas fornecidos às Forças Armadas russas», precisou Sergei Shoigu.
Isto permitirá o controlo centralizado de todas as forças e sistemas de defesa anti-aérea na Síria, facultando às forças sírias melhor informação sobre os alvos. «O mais importante é que será garantida aos sistemas anti-aéreos sírios a identificação de todos os aviões russos», acrescentou Shoigu.
O terceiro passo hoje anunciado pelo Ministério russo da Defesa prende-se com um conjunto de medidas electrónicas que, nas zonas próximas da costa síria, «impedirão a navegação por satélite, os sistemas de radares a bordo e as comunicações da aviação de combate que ataque alvos em território sírio».
Shoigu afirmou que a implementação destas medidas se destina a «arrefecer as cabeças quentes», impedindo-as de «realizar acções irreflectidas que ameacem» os militares russos.
Avião russo Il-20 abatido
No passado dia 17, o avião russo Il-20, com 15 pessoas a bordo, foi abatido pela defesa anti-aérea síria, quando se encontrava a realizar uma operação de supervisão sobre a situação terrestre na província de Idlib, informou Sergei Shoigu. Na mesma altura, quatro caças israelitas F-16 estavam a atacar diversos alvos na província síria de Latakia, que, segundo os militares russos, usaram o avião Il-20 como escudo.
A Rússia responsabiliza Israel pelo derrube da aeronave, afirmando que as Forças Armadas israelitas contactaram com os militares russos apenas um minuto antes de darem início à operação e sem comunicarem as coordenadas precisas dos caças.
«Isto não permitiu retirar o Il-20 para uma zona segura», disse Shoigu, levando o avião a ficar na linha de fogo dos sistemas sírios de defesa anti-aérea.
Os israelitas negaram ter usado o Il-20 como escudo, mas Moscovo não ficou convencida com as explicações e decidiu reforçar agora o sistema anti-aéreo de defesa sírio de um modo que pode travar os ataques de Israel no território do país levantino.
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