O governo da Síria reiterou, esta quarta-feira, a denúncia das acções levadas a cabo pela chamada coligação internacional no seu território, em cartas enviadas ao secretário-geral das Nações Unidas e ao presidente do seu Conselho de Segurança.
O ministério sírio acusa a coligação referida de cometer «crimes de guerra e contra a humanidade», na medida em que a sua aviação continua a tomar como alvo a população civil e a destruir infra-estruturas, além de usar bombas de fósforo branco – proibidas pelas convenções internacionais –, o que representa «uma violação flagrante das normas da Carta das Nações Unidas e do direito internacional».
«Os aviões da coligação liderada pelos EUA juntaram um novo crime ao seu registo criminal ao tomarem como alvos civis e infra-estruturas na Síria, na terça-feira, 22 de Agosto, atacando bairros residenciais em Raqqa, tirando a vida a 78 civis, ferindo dezenas, na sua maioria mulheres e crianças, e provocando grandes danos em propriedades locais e privadas», afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio nas cartas, citado pela agência Sana.
Nas missivas, o governo da República Árabe da Síria deixa expressa a sua condenação dos «crimes perpetrados pela coligação internacional», exigindo ainda às Nações Unidas que cumpra as suas próprias «resoluções relativas à luta contra o terrorismo» e impeça a coligação de «cometer novos crimes contra civis na Síria».
As cartas foram enviadas um dia depois do ataque aos bairros residenciais de Raqqa a que fazem menção específica. De acordo com Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres e opositor ao governo de Bashar al-Assad, desde o início desta semana mais de 170 civis, na sua maioria mulheres e crianças, morreram em bombardeamentos da coligação internacional liderada pelos EUA sobre Raqqa.
Desde Setembro de 2014
Argumentando estar a atacar posições do Daesh, a coligação liderada pelos norte-americanos opera na Síria desde Setembro de 2014, sem mandato da ONU e sem autorização do governo de Damasco. Dos seus ataques resultam, em inúmeras ocasiões, mortes de civis, e a situação tem sido reiteradamente denunciada pela diplomacia síria, que exige o fim das suas operações em território sírio e a dissolução da força beligerante.
No início deste mês, na sequência de um bombardeamento da coligação internacional sobre o Hospital de Raqqa, Irina Yarovaya, vice-presidente da Duma de Estado (Rússia), perguntou: «Até quando irá a coligação ajudar os terroristas a bombardear e destruir a Síria?»
Considerada o bastião do Daesh em território sírio, Raqqa foi alvo de uma ofensiva, lançada no início de Junho, pelas chamadas Forças Democráticas Sírias, apoiadas pelos seus aliados norte-americanos e pela coligação internacional.
Logo em meados desse mês, um representante da ONU alertou para a «espantosa perda de vidas civis» provocada pela «intensificação dos ataques aéreos» da coligação internacional sobre a cidade.
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