Ao entrarem na terceira semana de luta pela reintegração nos seus postos de trabalho, os funcionários despedidos na gráfica AGR-Clarín permanecem firmes nas suas reivindicações – a que têm dado visibilidade com conferências de imprensa e várias mobilizações nas ruas da capital argentina, Buenos Aires – e classificam como falso o argumento utilizado pela administração de que «o sector da impressão comercial atravessa uma forte reconfiguração».
Apesar da forte campanha mediática contra os trabalhadores da AGR-Clarín, com sede no bairro de Pompeya (Sul de Buenos Aires), estes têm sentido muito apoio de outros trabalhadores. Exemplo disso são as manifestações solidárias realizadas em vários pontos do território argentino e o boicote à distribuição dos diários do grupo, promovido no domingo passado pelo sindicato dos camionistas e que levou a que os jornais saíssem com atraso, informa a VTV.
O apoio popular aos trabalhadores despedidos também é grande e repete-se no lema «Se os gráficos ganharem, ganhamos todos». No sábado à noite, 28, isso ficou bem patente no «abraço solidário» que envolveu a empresa gráfica e que contou com o apoio de partidos políticos de esquerda, sindicatos e organizações sociais. No mesmo dia, foi lançada no Twitter a campanha #NoComprenClarin.
Despedimentos ilegais
Os cerca de 400 trabalhadores despedidos mantêm ocupada, há mais de duas semanas, as instalações da gráfica no bairro de Pompeya, a maior da Argentina. Na quinta-feira, deram uma conferência de imprensa, na qual acusaram a administração de estar a terceirizar os serviços que ali se realizavam: «Todas as revistas e jornais estão a ser feitos em gráficas no interior do país», criticaram.
Para os trabalhadores, «trata-se de uma fraude», pois «não existe crise alguma na empresa». «Não há crise nenhuma», insistiram, salientando que naquelas instalações «está a rotativa 3026, que é uma das mais poderosas da América Latina e não esteve parada em todo o ano nem em toda a década». Neste sentido, fizeram um apelo ao boicote ao Grupo Clarín, que edita revistas, fascículos e jornais.
Os trabalhadores explicaram que os «despedimentos são ilegais», na medida em que, por lei, para despedir mais de 15% dos funcionários uma empresa tem de apresentar um procedimento no Ministério do Trabalho. Disseram ainda que não fizeram greve e que, quando se apresentaram no trabalho, lhes disseram «que a empresa fechou, que a gerência se foi embora, que levaram os computadores da administração».
Denunciando a infiltração de agentes da Polícia Metropolitana nos plenários e a forte repressão que têm sofrido por parte das forças policiais, que os atacou com balas de borracha, jactos de água quente e gás lacrimogéneo, os trabalhadores da AGR-Clarín exigiram ser recebidos pelo ministro do Trabalho, Jorge Triaca, de forma a encontrar uma solução para o problema que os afecta.
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