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Sindicatos argentinos denunciam despedimentos e repressão sobre trabalhadores

Estruturas sindicais argentinas denunciaram esta segunda-feira a repressão contra trabalhadores que protestavam contra os despedimentos junto ao Instituto Nacional de Tecnologia Industrial, em Buenos Aires.

Protesto contra os despedimentos e repressão junto ao INTI, em Buenos Aires, a 1 de Julho de 2024 Créditos / ate.org.ar

Em comunicado, a Associação Trabalhadores do Estado (ATE) afirmou que a Polícia da Cidade de Buenos Aires levou a cabo uma «operação desmedida, violenta e ilegal», na qual deteve dois trabalhadores e militantes da CTA Autónoma.

A ATE repudia de forma enérgica estas detenções, no contexto daquilo que afirma terem sido protestos pacíficos contra os despedimentos na Administração Pública junto ao Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI).

Exigindo a libertação dos trabalhadores detidos, o sindicato reafirma o direito ao protesto, cuja importância se torna maior num contexto em que «milhares de postos de trabalho estão a ser perdidos, condenando à fome e à miséria famílias em todo o país».

Protesto junto ao INTI, em Buenos Aires, a 1 de Julho de 2024 / ate.org.ar

Em declarações à imprensa, Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE, denunciou não só a repressão levada a cabo no INTI como «a militarização de toda a Administração Pública». «Propõem-nos um modelo de país que só avança com repressão», criticou.

O governo de Javier Milei voltou à carga contra os funcionários públicos, não renovando contratos e despedindo nos últimos dias mais de 2000 trabalhadores. «Vão trabalhar, como toda a gente», disse Milei a propósito desta nova vaga de despedimentos no Estado.

Entre os visados, contam-se trabalhadores do INTI, dos Parques Nacionais, da Secretaria de Direitos Humanos e do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais.

A repressão «não vai travar a luta contra este modelo neofascista de governo»

Hugo Godoy, secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina Autónoma (CTA Autónoma), falou sobre esta vaga de despedimentos no Estado, tendo lembrado que a repressão é mais forte e intimidante onde os trabalhadores se organizam, realizam plenários.

«É evidente que se quer destruir um Estado que esteja ao serviço da Memória, da Verdade e da Justiça, que esteja ao serviço das maiorias populares. Por isso reforçam os mecanismos de repressão», disse Godoy na concentração de protesto em Buenos Aires.

Vincou, no entanto, a ideia de que isto não vai travar a luta dos trabalhadores em geral «para enfrentar e derrotar este modelo neofascista de governo».

Protesto contra os despedimentos e o desmantelamento das políticas públicas

Também ontem, os sindicatos promoveram uma mobilização de protesto junto ao Ministério da Justiça, denunciando o despedimento de trabalhadores e o desmantelamento das políticas públicas do ex-Ministério da Mulheres, Géneros e Diversidades.

Em comunicado, a ATE revela que mais de 80% das pessoas que trabalhavam no organismo foram despedidas, com prejuízos directos para os trabalhadores afectados e para as políticas públicas que concretizavam na área das mulheres e dos géneros em todo o país austral.

Este fim-de-semana, soube-se ainda que o governo argentino está a planear acabar com a Linha 144, que dá uma resposta especializada a mulheres vítimas de violência de género, de forma anónima e gratuita.

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