Trabalhadores das lojas da Inditex mobilizaram-se na sexta-feira passada frente a vários estabelecimentos que o grupo tem na Praça de Lugo, na Corunha, para denunciarem o ataque aos direitos dos trabalhadores que a multinacional pretende impor à pala da emergência sanitária, informa a CIG no seu portal.
Durante os protestos, convocados pela CIG, afirmou-se que, «apesar de serem uma das partes mais importantes do grupo Inditex, as trabalhadoras e os trabalhadores das lojas são os mais castigados».
Carmiña Naveiro, presidente do comité da Zara na Corunha, explicou que, com a desculpa da pandemia, a Inditex alterou todos os horários laborais previamente acordados, modificando jornadas de trabalho e horários, incluindo os das trabalhadoras que têm redução de horário para assistência a filho menor.
Embora a empresa tenha apresentado esta medida como temporária, na verdade está a impor «turnos fixos» que «impedem a conciliação familiar e representam uma perda importante de rendimentos» para os funcionários, que «se vêem num contexto em que têm de escolher entre trabalhar ou manter a conciliação», denuncia a central galega, acrescentando que a multinacional eliminou o descanso dos trabalhadores, durante a semana e aos sábados.
Estas alterações, denuncia Naveiro, «não têm outro objectivo que poupar dinheiro e aumentar a produtividade nas lojas», eliminando as conquistas que as trabalhadoras foram alcançando ao longo dos anos no que respeita aos horários e tempo de trabalho.
Tribunal insta Inditex a negociar solução
A CIG apresentou nove processos de conflicto colectivo, tendo o primeiro julgamento decorrido na quinta-feira passada, relativo à cadeia Stradivarius. Depois de ouvidas as partes, o Tribunal Superior de Justiça da Galiza adiou por uns dias os restantes julgamentos, tendo instado a Inditex a sentar-se à mesa e a negociar uma solução global para todas as cadeias, refere a CIG, que, sublinha, apresentou várias propostas com vista a chegar a um acordo, às quais a empresa nem sequer respondeu.
Neste sentido, os delegados sindicais da CIG afirmam que «vão continuar a lutar na mesa [de negociações] e na rua, nos meios, na Inspecção [de Trabalho], nos tribunais… onde fizer falta, para evitar regressar ao passado, quando a empresa fazia o que queria com os horários e os direitos» dos trabalhadores.
Naveiro disse que «não se pode aceitar que uma empresa como a Inditex, que se apresenta publicamente como alma caritativa e que faz muitas doações, as faça à custa dos direitos e da precarização das condições laborais» dos trabalhadores.
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