O pacote de medidas económicas anunciado pelo governo de Lenín Moreno na passada terça-feira mereceu inúmeras críticas, nas redes sociais, da parte de quem as define como «ineficientes, irresponsáveis e nocivas, mais uma vez, para os trabalhadores».
De acordo com a Prensa Latina, «o descontentamento e a incerteza» aumentaram depois de o ministro de da Economia, Richard Martínez, ter afirmado numa conferência de imprensa posterior ao anúncio de Moreno que, naquele momento, era necessário dar a conhecer as decisões, ficando para mais tarde a avaliação da forma como seriam implementadas.
Entre as medidas anunciadas pelo presidente equatoriano, conta-se um corte orçamental de 1400 milhões de dólares (800 dos quais em bens e serviços, e 600 em bens de capital).
O plano de austeridade, com o qual o Lenín Moreno afirma pretender fazer frente à crise gerada pela pandemia do Covid-19 e pela queda do preço do petróleo, inclui também a eliminação do Ministério da Juventude, de quatro agências de regulação e controlo, três institutos e igual número de empresas públicas, quatro secretarias técnicas, a Empresa de Medios Públicos, bem como a fusão de vários ministérios.
A eliminação da Empresa de Medios Públicos foi fortemente criticada e condenada por sectores da sociedade, uma vez que temem que a informação passe a ser controlada exclusivamente pelos grandes canais de comunicação privados.
Funcionários públicos a «contribuir»
De forma temporária, os funcionários públicos verão descontada uma «pequena parte» do salário que auferem – medida à qual o governo equatoriano se refere como um «contributo».
Desde o anúncio, refere a TeleSur, houve manifestações de repúdio em vários pontos do país. No Twitter, a União Nacional de Educadores (UNE) manifestou a sua discordância com os cortes nos salários, tendo pedido ao governo que reveja as medidas anunciadas e mostrado disponibilidade para apresentar uma proposta alternativa.
Para a UNE, a medida é «inconstitucional» e não devem ser os funcionários públicos, nomeadamente os professores, a ter de pagar a «crise». «O salário dos funcionários públicos não foi revisto em mais de oito anos e o seu poder de compra diminuiu ao longo desse tempo, pelo que pretender que sejam os funcionários públicos a pagar a crise é inconcebível», apontou o organismo, que anunciou para 18 de Março uma jornada de mobilização.
Por seu lado, a Frente Única de Trabalhadores (FUT) rejeitou tanto os cortes nos salários como o encerramento e a fusão de entidades públicas, algo que, defende, irá provocar despedimentos. Se o governo não mudar de atitude, a organização sindical avançará com acções de luta, informa a TeleSur.
Além disso, a FUT tornou público um pacote de medidas que, em seu entender, serviriam para fazer frente à crise sem afectar o emprego e os salários dos trabalhadores, nomeadamente instar os investidores nacionais a investir no país e declarar uma moratória sobre a dívida externa.
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