Num relatório intitulado «O preço da inacção», a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lembra que 250 milhões de crianças estão excluídas do acesso à educação, e analisa as consequências económicas e sociais das carências educativas.
Audrey Azoulay, directora-geral da Unesco, apela aos estados-membros da organização para que quebrem o «círculo vicioso» do abandono escolar o mais rapidamente possível.
«A mensagem neste relatório da Unesco é clara: a educação é um investimento estratégico – um dos melhores investimentos para os indivíduos, as economias e a sociedade como um todo. Apelo aos nossos estados-membros para que garantam que este direito universal se torne uma realidade para todos os seres humanos o mais rapidamente possível», declarou Azoulay.
A este propósito, a organização faz dez recomendações com vista a uma educação de qualidade para todos, sendo a primeira delas a da garantia, pelos governos, da escolaridade gratuita por um período mínimo de 12 anos.
Também defende que a escolarização deve ser acompanhada de investimento na primeira infância, por forma a lançar as bases para uma aprendizagem o mais cedo possível e combater a desigualdade.
Outra recomendação sugere a criação de programas de «segundas oportunidades» para jovens que não puderam beneficiar de uma educação de qualidade ou cujo acesso à educação foi interrompido.
Um ambiente de aprendizagem «seguro e inclusivo»; distâncias curtas entre as escolas e as casas; acesso dos locais de ensino a água e saneamento; turmas pequenas e docentes qualificados e motivados são outros aspectos que o relatório também destaca.
A Unesco recorda que, em 1948, a educação foi declarada um «direito humano universal», e que isto foi reafirmado em 2015, quando a Organização das Nações Unidas definiu o acesso de todos a educação de qualidade como um dos objectivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030.
Apesar disso e de «décadas de progresso no acesso à educação», 250 milhões de crianças e jovens em todo o mundo (128 milhões de rapazes e 122 milhões de raparigas) estão fora da escola, sublinha a Unesco.
A organização alerta ainda para os impactos sociais desta situação, sobretudo nos países mais pobres, bem como para um panorama marcado pelo défice de competências. Nos países de rendimento baixo e médio, 70% das crianças com dez anos são «incapazes de compreender um simples texto escrito», afirma.
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