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Unicef condena morte de crianças iemenitas em Sa'wan

A agência da ONU sublinhou, esta terça-feira, que «nem as escolas são seguras no Iémen». Pelo menos 14 pessoas morreram na sequência do bombardeamento saudita, revelaram autoridades iemenitas.

Ataque de caças sauditas a um autocarro com crianças na província de Sa'ada (Iémen) fez mais de quatro dezenas de vítimas mortais
Créditos / Sputnik News

Pelo menos 14 pessoas morreram e 95 ficaram feridas – na sua maioria estudantes – na sequência de ataques perpetrados no domingo à noite pela aviação da coligação liderada pelos sauditas contra uma área residencial no distrito de Sa'wan (província de Sana'a), segundo informou o Ministério iemenita da Saúde.

Numa declaração emitida esta terça-feira, Geert Cappelaere, director regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Médio Oriente e Norte de África, afirma que uma explosão matou 14 crianças e feriu gravemente mais 16 na província de Sana'a. Isso foi o que a Unicef conseguiu apurar, sendo provável que o número de vítimas venha a aumentar, refere o documento.

A enorme explosão, ocorrida nas imediações de duas escolas primárias perto da hora de almoço «partiu as janelas e lançou uma enorme quantidade de estilhaços e vidros partidos para as salas de aula», afirma Geert Cappelaere.

De acordo com a PressTV, notícias anteriores davam conta de que a maioria das vítimas mortais no ataque eram estudantes, mas Cappelaere precisa que as 14 até agora registadas são todas alunos, «na maior parte dos casos com idades inferiores a nove anos».

Sublinhando quão difícil é «imaginar o horror vivido pelas crianças», o texto destaca que esta acção representa uma «violação dos direitos das crianças», constituindo mais um exemplo de que «as escolas não seguras no Iémen».

«Uma em cada cinco escolas não podem mais ser usadas, como consequência do conflicto», denuncia Cappelaere, acrescentando que, actualmente, «ir à escola no Iémen não passa de um sonho distante para mais de 2 milhões de crianças».

Guerra de agressão desde Março de 2015

A Arábia Saudita ainda não assumiu a responsabilidade pelo ataque, tendo inclusive rejeitado a possibilidade de que os seus caças atacassem um bairro residencial em Sa'wan, mas tanto as autoridades iemenitas como testemunhas locais deram conta do ataque.


Liderando uma aliança que incluía países como os Emirados Árabes Unidos, o Egipto e o Sudão, a Arábia Saudita lançou, em Março de 2015, uma ofensiva militar contra o mais pobre dos países árabes, declarando serem seus objectivos esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade.

De acordo com as estimativas recentes da ACLED (Armed Conflict Location & Event Data), a guerra de agressão provocou mais de 60 mil mortos. Em Outubro do ano passado, as Nações Unidas referiram que, até então, 1248 crianças iemenitas tinham sido mortas desde o início da agressão e que quase outras tantas tinham ficado feridas na sequência de ataques aéreos.

Um dos casos mais graves no que respeita à morte de crianças em bombardeamentos da coligação ocorreu no dia 9 de Agosto de 2018, quando um raide aéreo saudita atingiu um autocarro escolar na região de Dahyan, na província nortenha de Sa’ada. Quarenta das 51 vítimas mortais eram crianças e 56 dos 79 feridos eram também crianças.

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