Sob os golpes da chamada Ofensiva da Primavera, iniciada no fim de Dezembro de 1974, desencadeada pelas forças do Exército do Povo do Vietname (EPV) e dos guerrilheiros da Frente de Libertação Nacional do Vietname do Sul (FLN, conhecida também como Vietcongue, da sua designação abreviada em vietnamita), o aparelho militar financiado e apoiado pelos EUA desmorona-se com uma rapidez que surpreendeu os agentes da CIA no terreno.
Em 27 de Abril a capital do antigo Vietname do Sul, Saigão (hoje cidade de Ho Chi Minh, em homenagem ao dirigente comunista que inspirou e inspira sucessivas gerações de vietnamitas) encontra-se cercada e progressão da operação foi fulgurante. A embaixada dos EUA é evacuada a 29 de Abril, em condições que só voltariam a ser vistas em Cabul, em 2021. A rendição incondicional do governo pró-EUA foi difundida pela rádio às 14h30h da tarde.
Cumpria-se uma longa luta de nacionalistas, revolucionários e comunistas vietnamitas pela libertação do seu país, desenvolvida desde o início do século XX, contra o colonialismo francês, os invasores japoneses e o governo neo-colonialista do Vietname do Sul, apoiado primeiro por Paris e depois por Washington.
A luta do povo vietnamita e a sua vitória tiveram um alcance histórico e estimularam a luta anticolonial, sobretudo em África, onde influenciaram particularmente os movimentos de libertação das colónias portuguesas.
Um país em desenvolvimento, económico e social
47 anos depois, o Vietname unificado é uma das mais dinâmicas economias asiáticas, assente numa economia mista socialista e orientada para o mercado. Segundo o seu PIB nominal, o Vietname é a 37.ª economia do mundo, mas encontra-se em 23.º lugar segundo a paridade do poder de compra (PPC).
Encontros bilaterais realizados este fim-de-semana em Hanói avaliaram positivamente a cooperação sino-vietnamita e prometeram esforços para desenvolvê-la de uma forma integral. Ambas as partes se comprometeram a unir esforços para «fortalecer a unidade» e impulsionar um maior desenvolvimento das suas relações bilaterais, segundo a agência Xinhua. As conversações entre o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, o primeiro-ministro vietnamita Pham Minh Chinh e o secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista de Vietnam (PCV), Nguyen Phu Trong relevaram a importância estratégica da parceria entre os dois países face a uma situação internacional complexa e em mudança. Os representantes dos dois países expressaram a vontade de unir esforços para superar dificuldades e atingir os respectivos objectivos de construção socialista da sociedade, educando a geração mais jovem e «promovendo o desenvolvimento duradouro, são e estável das relações bilaterais». A China e o Vietname propõem-se impulsionar juntas a cooperação da comunidade internacional na luta contra a pandemia, trabalhar em conjunto para resistir a ataques difamatórios por parte de forças externas, bem como preservar um sistema internacional tendo por núcleo a Organização das Nações Unidas (ONU) e uma ordem baseada no direito internacional. O primeiro-ministro vietnamita sublinhou a relação do país com a China como de uma «grande prioridade» no capítulo da sua política externa, manifestando a vontade de impulsionar o crescimento do comércio e do investimento entre os dois países e proporcionar mais facilidades ao investimento chinês no Vietname. As economias chinesa e vietnamita encontram-se entre as mais resilientes do mundo aos efeitos da pandemia do coronavírus. A China tem a segunda maior economia do mundo e, segundo um estudo do britânico Centre for Economics and Business Research (CEBR) citado pela BBC, tornar-se-á a primeira economia mundial em 2028, ultrapassando os EUA, devido à sua gestão competente da pandemia de Covid-19. Em Julho o New York Times reconheceu o comportamento resiliente à pandemia da economia chinesa, ao contrário da maioria das grandes economias. O Vietname é a 37.ª economia mundial, multiplicou por dez o seu PIB nos últimos trinta anos e é a economia mais dinâmica do Sudeste Asiático. Um estudo do FMI de Março passado considerou a economia vietnamita uma das mais dinâmicas do mundo, tanto em 2020 como em 2021, apontando para um crescimento de 6,5% este ano. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Vietname e China reforçam parceria estratégica
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Num recente relatório (14 de Abril de 2022) do Banco Mundial (BM), o Vietname é descrito como um «caso de sucesso de desenvolvimento». As reformas económicas introduzidas pelo Partido Comunista do Vietname (PCV) em 1986 (a pouco mais de uma década após o fim da guerra) ajudaram o país a deixar de ser «uma das mais pobres nações do mundo» em apenas uma geração.
Segundo BM, entre 2002 e 2021, «o PIB per capita aumentou 3,6 vezes» até atingir 3700 USD, ao mesmo tempo que a taxa de pobreza «declinava drasticamente» de 32% para 2%.
Graças aos seus «sólidos alicerces», a economia vietnamita «provou resiliência a várias crises», tendo sido dos raros países a crescer o PIB em 2020, durante a pandemia de Covid-19, e o banco prevê que cresça 5,5% em 2022.
Mas nem só de economia vive o homem. Os cuidados de saúde têm melhorado significativamente, bem como os níveis de vida. O Vietname encontra-se acima da média regional e mundial de cuidados de saúde, com 87% da população coberta. Os serviços de infraestrutura têm, segundo o relatório, «aumentado dramaticamente», com a electrificação a passar de 14% em 1993 para 99,4% em 2019, e o acesso a água potável em zonas rurais a passar de 17% em 1993 para 51% em 2020.
O país propõe-se, segundo o BM, passar de um nível de rendimento médio para um país com rendimento elevado até 2045, ao mesmo tempo que se propõe um desenvolvimento verde e inclusivo, comprometendo-se com a neutralidade carbónica em 2050
O Vietname passa o 47.º aniversário da sua reunificação com um feriado que lembra as lutas e os sacrifícios de gerações de revolucionários e combatentes, com os olhos postos no futuro.
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