Foi anunciada, sexta-feira passada, a programação da 36.ª edição do Festival de Teatro de Almada, de origem maioritariamente europeia mas que inclui também artistas da América Latina e de África, que pretende reflectir «realidades e preocupações do século XX que se têm prolongado e agravado neste século XXI, propondo diferentes olhares sobre temas candentes dos nossos dias: a desestruturação social, a desigualdade, a emigração, o exílio, as questões de género, a indiferença, o medo, a ascensão dos regimes políticos autoritários», como se pode ler na página da Companhia de Teatro de Almada.
«No futuro, quando olharmos para trás, 2019 será ‘o ano em que veio o Robert Wilson e a Isabelle Huppert». Graças ao esforço conjunto com o Centro Cultural de Belém (CCB), o Festival de Almada recupera nesta edição «uma das suas características mais distintivas», disse o director artístico do Festival, Rodrigo Francisco, na mensagem de abertura do programa, referindo-se à capacidade que o evento detém para atrair nomes sonantes do teatro internacional.
Para além destes nomes na peça Mary Disse o Que Disse, de Darryl Pinckney, o Festival de Almada vai receber Macbettu, encenado por Alessandro Serra, que foi classificada como espectáculo do ano de 2017 pela Associação Nacional de Críticos de Teatro em Itália.
Almada vai também assistir às estreias de uma adaptação pela companhia de teatro residente de Se é Isto um Homem, de Primo Levi, com encenação de Rogério de Carvalho e interpretação de Cláudio da Silva.
O Sonho, de Strindberg, encenado pelo homenageado deste ano Carlos Avilez, será apresentado pelo Teatro Experimental de Cascais. Avilez é fundador do Teatro Experimental de Cascais e da Escola Profissional de Teatro de Cascais, ex-director do Teatro Nacional D. Maria II, e começou a sua carreira como actor na Companhia de Rey Colaço-Robles Monteiro, dirigido por Francisco Ribeiro (o Ribeirinho).
A actriz portuguesa Maria de Medeiros regressa ao palco com Bulle Ogier (que entrou em filmes como O Charme Discreto da Burguesia, de Buñuel, e protagonizou L’Amour Fou, de Jacques Rivette) nos dias 7 e 8 de Julho com o espectáculo Un Amour Impossible, que parte do romance de Christine Angot, numa encenação de Célie Pauthe.
O Festival arranca no dia 4 de Julho, na Escola D. António da Costa, com A Boda, de Bertolt Brecht, encenado por Ricardo Aibéo. Nos dias 5, 6 e 7, na Incrível Almadense, pode assistir-se ao espectáculo Provisional Figures, projecto de Marco Martins com não-actores de Great Yarmouth, no Reino Unido.
Ao longo da programação são várias as presenças da língua castelhana, começando com La Partida, de Vero Cendoya, um espectáculo de rua coreográfico para cinco bailarinas, cinco jogadores de futebol e um árbitro a partir de textos de Eduardo Galeano, que vai ter lugar na Praça São João Baptista, igualmente no segundo dia do Festival.
O espectáculo de honra deste ano – escolhido pelo público da edição anterior para que se repetisse em 2019 - cabe a Dr. Nest, da alemã Familie Flöz, e vai ser levado à cena no dia 14, no palco grande da Escola D. António da Costa.
O Festival vai também receber concertos, uma noite para crianças na esplanada da Escola D. António da Costa no dia 9 de Julho, cursos de formação, exposições e debates.
As assinaturas custam 75 euros, e os preços dos bilhetes para os espectáculos individuais variam consoante a sala - em Almada, Lisboa e Cascais.
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