Foi no passado dia 15 de Abril que, sem qualquer aviso prévio, a população foi surpreendida pela demolição do edifício da antiga Escola Primária da Sobreda, um imóvel com valor histórico e patrimonial, datado do século XIX.
Numa tomada de posição, a que o AbrilAbril teve acesso, o Centro de Arqueologia de Almada (CAA) «lamenta profundamente o desaparecimento deste elemento patrimonial marcante da história da Sobreda e da vivência das suas gentes», e informa que solicitou esclarecimentos à Câmara e à Assembleia Municipal de Almada.
A 20 de Abril, também os vereadores da CDU expressaram repúdio e questionaram a presidente (PS) da Câmara de Almada sobre os fundamentos e pareceres que suportaram a decisão de demolição do edifício.
A antiga Escola Primária da Sobreda, inaugurada em 1913, foi a primeira escola laica da zona e símbolo dos ideais republicanos de ensino. Por outro lado, lembram os arquólogos, «enquanto edifício público e laico, preservava memórias transversais a várias dimensões sociais e a diferentes gerações de sobredenses».
De acordo com a lei em vigor, «integram o património cultural todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objecto de especial protecção e valorização.
O CAA frisa que o edifício estava situado na faixa de protecção do núcleo histórico da Sobreda e, por isso, ao abrigo das condicionantes estabelecidas no Plano Director Municipal de Almada vigente, e que a sua destruição não respeitou os artigos referentes às demolições e à alteração de usos.
«O imóvel está também sinalizado na Carta do Património Cultural do Concelho de Almada, executada pelo CAA a pedido da Câmara Municipal. Foi aí inventariado com um nível de interesse relevante», lê-se no texto.
Além dos normativos municipais, estes arqueólogos lembram que a demolição da antiga escola desrespeitou a Lei de Bases do Património Cultural.
«Não podendo já ser reabilitado o edifício, como há muito era reclamado, o CAA propõe que em seu lugar seja construído outro, que constitua um espaço de Memória para usufruto da comunidade local», sublinhando que a gestão da circulação rodoviária «encontrará alternativas compatíveis com esta proposta».
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