|fascismo

Em Santa Comba Dão, PS quer branquear o fascismo e reabilitar imagem de Salazar

A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) manifestou-se, mais uma vez, contra a retomada de um projecto para a criação de um suposto «Centro de Investigação» do Estado Novo em Santa Comba Dão, terra natal do ditador António de Oliveira Salazar.

Considerando uma afronta à memória histórica e aos valores democráticos, a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) manifestou-se contra a criação de um suposto «Centro de Investigação» do Estado Novo em Santa Comba Dão, terra natal do fascista António de Oliveira Salazar. 

A iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de maioria PS e apoiada por alguns investigadores de história contemporânea que invocam propósitos «científicos» para «justificar o injustificável», é vista pela URAP como uma tentativa de «branquear o regime fascista e a figura do ditador».

Em comunicado, a URAP relembra os horrores do regime fascista, dando como exemplo as dezenas de milhares de presos políticos, os locais de tortura como a sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso, o Aljube, Caxias e Peniche, e os 230 assassinados pelas polícias do regime. A organização também evoca os cerca de dez mil jovens militares que morreram na guerra colonial e os milhares que regressaram mutilados.

«São hoje mais conhecidas as mazelas do Portugal amordaçado, o que foi a exploração, o que significou a censura; a ajuda que o ditador fascista deu ao fascismo em Espanha; o que copiou do regime fascista italiano e alemão para dominar pela opressão e violência os portugueses e os povos africanos colonizados», afirma a URAP.

Considerando que «esse tempo não pode ser tratado com neutralidade», a organização sublinha que não se pode colocar democracia e fascismo no mesmo plano, nem torturadores e torturados em confronto. 

A URAP rejeita a ideia de que o projecto seja uma mera «polémica», classificando-o como uma afronta à memória histórica e aos valores democráticos. A organização apela ao recurso às universidades e aos museus já existentes, como o Museu do Aljube e o Museu Nacional Resistência e Liberdade em Peniche, para estudar e divulgar a história do fascismo em Portugal. «Um espaço sobre a história do ditador fascista e do seu regime, seja qual for o nome que lhe queiram dar, não é uma questão de “polémica”. É uma afronta», entende.

Num momento em que ideias reacionárias e fascistas ressurgem na Europa e no mundo, a URAP apela a todos os democratas e antifascistas para que não fiquem indiferentes a esta iniciativa. «Não podemos aceitar espaços que sirvam de romaria para saudosistas do fascismo. A memória dos que lutaram contra a opressão deve ser honrada, não traída».

A URAP reforça ainda a necessidade de erguer espaços de memória em locais como a antiga Fortaleza de Angra do Heroísmo e a cadeia da PIDE no Porto, onde centenas de presos políticos sofreram as brutalidades do regime. «Esses sim, são locais que devem ser preservados como parte significativa da nossa história de luta e resistência», conclui a associação. 
 

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui