Segundo noticiou ontem o jornal Público, a mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que tomou posse em 20 de Maio, quer chegar a 2025 com menos 207 trabalhadores do que tem actualmente (5807), tendo sido um dos objectivos apresentados no «plano de reestruturação» que o novo provedor terá entregue à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no passado dia 18 de Julho.
Em reacção ao anúncio, o PCP, que já numa audição parlamentar em Maio tinha interpelado a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre «o pensamento e as eventuais orientações da tutela relativamente à dimensão da força de trabalho empregue» pela instituição, requereu a audição de Maria do Rosário Palma Ramalho, do provedor da SCML e do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA/CGTP-IN), na Assembleia da República.
No requerimento dirigido ao presidente da comissão parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, os comunistas salientam que, tendo em conta os «severos efeitos previsíveis, não só na vida dos trabalhadores que a mesa da SCML pretende abranger, mas também na própria capacidade operacional da instituição», a referida comissão parlamentar deve procurar «obter o esclarecimento cabal e urgente sobre o processo noticiado».
Redução de trabalhadores compromete o que está a ser feito
A concretizar-se o anunciado será impossível manter o trabalho que está a ser feito, critica o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (CGTP-IN). Em declarações à TSF, esta sexta-feira, o dirigente Joel Canuto disse não compreender o facto de até na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa as ditas reestruturações começarem pelo despedimento de trabalhadores, lamentando que este tipo de planos nunca passe pelo descongelamento das carreiras.
«Não se está a falar aqui, por exemplo, dos descongelamentos das progressões destes trabalhadores que têm tido uma diminuição dos seus salários e do seu poder de compra ao longo das últimas décadas. Continua a não haver uma diferenciação significativa entre os vários níveis remuneratórios, as dotações nos equipamentos não estão adequadas às especificidades dos serviços, as avaliações de desempenho continuam com cotas e procedimentos injustos e, portanto, se efectivamente estão interessados em fazer reestruturação, podíamos começar, por exemplo, por criar critérios rigorosos nas nomeações para os cargos de direcção», disse.
«Não fossem os trabalhadores, não fosse o seu profissionalismo, a sua dedicação, o orgulho em representar esta grande instituição, que é a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa» e a prestação da instituição aos utentes já «estaria comprometida» em certos domínios, alertou.
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