«Continuar a tirar aos pobres (os utentes dos transportes públicos) para dar aos ricos (as empresas transportadoras)», é desta forma que a União dos Sindicatos de Castelo Branco (USCB/CGTP-IN) classifica a atitude da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.
Desde o início da pandemia que a população dos concelhos do Fundão, Covilhã e Belmonte passou a pagar mais de metade do valor definido com a entrada em vigor do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART). Em vez dos 18 euros mensais, os passes passaram a custar 39, com a comunidade intermunicipal a defender que precisaria de mais 600 mil euros para repor o passe social intermodal.
Entretanto, com a aprovação do Orçamento do Estado para 2021, a USCB teve conhecimento, através do ministro das Infraestruturas, que o apoio pedido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) das Beiras e Serra da Estrela já tinha sido concedido, estando reunidas as condições legais para «financiar os serviços de transporte público essenciais e promover as políticas tarifárias que considera mais adequadas para os seus territórios».
A USCB voltou a enviar um ofício à CIM, exigindo a reposição dos descontos com efeitos retroactivos. «Para nosso espanto, há cerca de quinze dias recebemos uma resposta, na qual diz que vai continuar a apoiar as empresas de transporte», revela o coordenador da USCB, em declarações ao AbrilAbril.
Sérgio Santos lembra o argumento arremetido há um ano pela CIM, de que em zonas mais remotas as empresas ameaçavam retirar os transportes caso não fossem apoiadas. Ainda assim, tal como denunciou na altura o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa (CGTP-IN), a administração da multinacional francesa Transdev, apoiada também pela medida do lay-off, suspendeu os serviços e alegou que não tinha condições de devolver aos utentes o dinheiro pago pelos passes.
A União de Sindicatos já remeteu a resposta da Comunidade Intermunicipal às câmaras municipais que a integram, aos grupos parlamentares na Assembleia da República e aos partidos com assento nas assembleias municipais do Fundão, Covilhã e Belmonte.
Sérgio Santos reforça que o PART serve para apoiar a redução tarifária, e não as empresas de transporte, estando a ponderar um regresso à CIM se até ao final do mês de Março não houver uma decisão para a reposição do desconto no preço dos passes sociais dos transportes públicos de passageiros.
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