A qualidade do serviço prestado pela Transportes Sul do Tejo (TST) tem vindo a ser posta em causa pelos utentes desta empresa. Entre as principais queixas contam-se a redução de trajectos e horários, cortes de carreiras e quebra da oferta.
Os atrasos constantes podem chegar a mais de uma hora, o que resulta na sobrelotação dos autocarros e leva a que muita gente não consiga embarcar, como acontece nas carreiras 124 (Costa da Caparica/Cacilhas), 153 (Praça de Espanha) ou 161 (Praça do Areeiro). O habitual incumprimento de horários, dizem, verifica-se também nas carreiras 107 (Quinta do Brasileiro/Cacilhas), 123 (Quinta do Texugo), 126 e 127 (Marisol e Fonte da Telha), 133 (Lazarim/Cacilhas), 149 (Quinta da Princesa/Cacilhas), 162 (Lisboa/Quinta do Brasileiro), 169 (Santa Maria).
Os utentes consideram ainda incompreensíveis os critérios para a aplicação de horários, como aconteceu no passado dia 13 de Junho, feriado municipal de Lisboa, em que os autocarros circularam com os horários de sábado. A TST opera maioritariamente na Península de Setúbal.
É a própria empresa que refere, no seu Relatório e Contas de 2014, que «foi possível reduzir a oferta em dois milhões de quilómetros em 2014».
Não são só os utentes que apontam falhas à gestão da empresa. De acordo com denúncias dos trabalhadores, no Centro Operacional do Laranjeiro há cerca de 70 autocarros imobilizados por dia, para além das mais de dez desempanagens de autocarros que se avariam na rua, também diárias. Aqui, cerca de 25 motoristas ficam à espera na estação, diariamente, sem que haja autocarro onde possam trabalhar (motivo que leva a empresa a não pagar componente salarial de agente único).
Já na Direcção Operacional de Setúbal são cerca de 20 os autocarros imobilizados e mais de seis as desempanagens, por dia - ficando sem autocarro para trabalhar oito motoristas, em média.
Em Carta Aberta, a Plataforma Península de Setúbal em Defesa do Serviço Público de Transportes aponta que «a privatização e a concessão de transportes públicos aos interesses privados, à empresa TST, resultante da privatização da ex-Rodoviária Nacional, ao grupo Arriva e ao grupo Barraqueiro, nos casos da Fertagus e da Metro Transportes do Sul, têm resultado em fortes prejuízos para as populações, utentes, trabalhadores e para a economia nacional».
Os grandes encargos que o Estado tem com estas empresas, de que são exemplo «14,4 milhões de euros, atribuídos à TST de (2007 a 2011), para exploração; 383 milhões de euros, atribuídos à MTS, para construção e exploração; 105 milhões de euros, atribuídos à Fertagus, só para exploração desde o seu início», justificam, para a Plataforma, a sua passagem para o Sector Empresarial do Estado. Ao mesmo tempo são cortadas as verbas para as empresas públicas de transporte, denuncia ainda a Carta.
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