Desde 2020 que a Renova impede ilegalmente o acesso à nascente do Rio Almonda, alegando a perigosidade daquele local.
Numa comunicação dirigida à Assembleia Municipal de Torres Novas, a empresa dona da fábrica de papel alegou que a água não é pública, o que levou a CDU a questionar o presidente da Câmara, em Agosto. Na missiva, os eleitos da coligação PCP-PEV indagavam Pedro Ferreira (PS) sobre as declarações da empresa: se se revia nelas ou, se assim não fosse, que medidas pensava tomar no sentido de dar sequência ao documento aprovado pela Assembleia Municipal, em 27 de Julho, o qual recomendava a tomada de acções imediatas, como a pavimentação da estrada pública até próximo da nascente e o acesso livre e público à nascente com a retirada da vedação metálica.
Em resposta, o presidente da Câmara informou «que iria aprofundar o assunto com o presidente da Assembleia Municipal para definir os passos seguintes e que durante o mês de Setembro certamente poderia responder com mais dados», revela a CDU num comunicado. Desde então, denuncia a coligação, os torrejanos continuam sem conhecer o posicionamento da autarquia «a respeito de um assunto que toca profunda e transversalmente a sensibilidade, o entendimento e a vivência de toda a população do concelho».
«Este inaceitável "empurrar com a barriga" tem sido desde há largo tempo a atitude da autarquia, gerida há mais de 30 anos pelo PS, a respeito de tudo o que de alguma maneira se possa (ainda que minimamente) contrapor aos interesses da Renova», lê-se na nota, onde se denunciam também as «benesses que periodicamente lhe vão sendo distribuídas».
A empresa escuda-se na aquisição dos terrenos que circundam a nascente, nos anos 30 do século passado, mas a lei determina o uso público das águas e das margens. Numa reportagem da RTP, divulgada em Abril deste ano, confirma-se que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem conhecimento da ilegalidade cometida pela Renova, mas nunca actuou. Em Outubro, também o Governo foi questionado pelo grupo parlamentar do PCP sobre o «abuso» da Renova.
Na reportagem, a televisão pública constata que a empresa paga um preço irrisório pela taxa de captação da água, que é a matéria-prima por excelência na produção da pasta de papel. Em 2020, a empresa captou quase dois milhões de metros cúbicos de água do Almonda por menos de meio cêntimo cada mil litros. Se recorresse à água da rede teria de pagar mais de dois euros e meio por metro cúbico.
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