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Rui Moreira tenta boicotar Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto

O executivo municipal (apoiado pela IL e PSD) recusa-se a atribuir financiamento e licença de utilização de espaço ao arraial da Marcha, embora tenha oferecido centenas de milhares de euros a festivais com fins lucrativos.

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, do Movimento «Aqui Há Porto», acompanhado por Tiago Mayan, da Iniciativa Liberal, candidato à União de Freguesias Aldoar, Foz e Nevogilde, durante uma acção de campanha para as eleições autárquicas na marginal da Foz, no Porto, 18 de Setembro 2021 
CréditosEstela Silva / Agência Lusa

A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, que celebra o seu 18.º aniversário em 2023, é composta por 21 colectivos e associações da cidade que trabalham voluntariamente na luta contra a discriminação da comunidade LGBTQIA+. É esta iniciativa que o executivo independente de Rui Moreira na Câmara Municipal do Porto (CMP), apoiado pelo PSD e a Iniciativa Liberal, tem procurado boicotar.

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Ataque de ódio contra exposição sobre comunidade LGBTI+ em Évora

A exposição, «uma reflexão sobre o ódio em torno da comunidade LGBTI+», em Évora, foi hoje vandalizada, levando à destruição de quase todas as peças. Vice-presidente da autarquia descreve acto «abominável».

Três homens entraram hoje na Igreja de São Vicente, propriedade da Câmara Municipal de Évora (CME), e vandalizaram a quase totalidade dos trabalhos da exposição Amor e Ódio, organizada pela Comissão Évora Pride, Sociedade Harmonia Eborense, Núcleo Feminista de Évora e Associação Évora Queer, em parceria com o município Évora (CDU).

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Um longo caminho a percorrer

Assumir uma orientação sexual ou uma identidade de género diferente continua a ser assustador, sob pena de discriminação psicológica e física a nível familiar, escolar, laboral, e até mesmo nos serviços públicos.

23ª Marcha do Orgulho LGBT em Lisboa, Portugal, 18 de Junho de 2022 
CréditosMário Cruz / Agência Lusa

A 17 de maio de 1990 a Organização Mundial de Saúde retirava finalmente a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Assim, de forma a assinalar este marco, e trazer visibilidade para a luta LGBTQI+, é nesta data celebrado o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.

Os Verdes desde a sua constituição que estiveram presentes na luta pelos direitos das pessoas LGBTQI+, tendo permitido a inscrição no artigo 13.º da Constituição da República da não discriminação em função da orientação sexual, abrindo as portas ao casamento entre pessoas do mesmo género. Contribuindo também na consagração do direito de pessoas LGBTQI+ de poderem adotar. Tendo votado favoravelmente, e apresentado projetos, por questões importantes como a autodeterminação de género e o acesso por casais do mesmo género à procriação medicamente assistida.

Ainda assim existe um longo caminho a percorrer. No relatório Anual de 2023 realizado pela ILGA-Europe, consta que em Portugal, e um pouco por toda a Europa, se observou um aumento significativo de crimes de ódio direcionados à comunidade LGBTQI+.

Não podemos permitir que a agenda da extrema-direita e a sua LGBTQfobia continue a atacar os direitos destas pessoas, e reverter os avanços alcançados nestes 41 anos.

Tem-se observado em vários países uma crescente ofensa transfóbica, com o aumento de governos de extrema-direita têm sido aprovadas leis opressivas que visam a retirada de direitos a pessoas trans e não-binárias. Em Portugal esses mesmos discursos têm vindo a ser replicados por partidos conservadores, com a desculpa que a transsexualidade é uma patologia, e que os jovens transgéneros ou não-binários só o são graças a um «Contágio Social», teoria esta já refutada num estudo levado a cabo pelo Fenway Institute, e publicado na Pediatrics. Todos estes pretextos têm apenas um objetivo, desvalorizar a comunidade, impedir a criação de legislação que advogue pelos direitos destes jovens e restringir a prestação de cuidados de afirmação de género.

«Não podemos permitir que a agenda da extrema-direita e a sua LGBTQfobia continue a atacar os direitos destas pessoas, e reverter os avanços alcançados nestes 41 anos.»

De facto, assumir uma orientação sexual ou uma identidade de género diferente da cisheteronormativa continua a ser assustador, sob pena de discriminação psicológica e física tanto a nível familiar, escolar, laboral, e até mesmo nos serviços públicos.

A maioria dos jovens LGBTQI+ ainda esconde a sua identidade de amigos, e familiares, com medo de serem alvo de agressões. Segundo o «Estudo FREE- Fostering the Right to Education in Europe», a juventude LGBTQI+ está mais suscetível a ser vítima de bullying/cyberbullying quando comparado com jovens cisgéneros heterossexuais.

Neste estudo salientou-se ainda ausência de matérias relacionadas com a diversidade de género em contexto educativo, que muitas das vezes falha em incluir tópicos relacionados com as orientações sexuais não heteronormativas, assim como práticas que promovam a inclusão de pessoas LGBTQI+. Na verdade é urgente que a Educação Sexual seja uma realidade nas nossas escolas.

Também no Serviço Nacional de Saúde é possível constatar várias barreiras no seu acesso a pessoas da comunidade LGBTQI+, especialmente no que toca a pessoas trans, não-binárias e intersexo. É premente apostar na formação dos trabalhadores do SNS sobre as necessidades das pessoas trans, não-binárias, e intersexo de modo a que a saúde seja um direito realmente universal para todas e todos.

A atual crise habitacional, impulsionada pelas políticas neoliberais, afeta essencialmente mulheres trans, pessoas não binárias e intersexo, que apresentam altos níveis de risco de ficar em situação de sem abrigo e maiores obstáculos no acesso à habitação condigna. É, portanto, essencial exigir o cumprimento do disposto no artigo 65º da Constituição da República Portuguesa.

Recentemente foram aprovados inúmeros projetos de lei que promovem os direitos das pessoas LGBTQI+, proibindo e criminalizando as terapias de conversão sexual, e reforçando os direitos dos estudantes trans e não-binários na sua autodeterminação de género. Apesar deste avanço legislativo, é urgente que continuemos a lutar coletivamente pela plena igualdade de direitos e liberdades desta comunidade.

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Patente até 30 de Junho, a mostra, que reunia trabalhos de pintura, fotografia, escultura e gravura, foi construída através de um desafio lançado a alguns artistas visuais para «olharem para a dualidade que é comportar amor quando se recebe ódio em troca». Em poucos dias, o ódio fez-se expressar.

«Ficou praticamente tudo destruído. Sobreviveram poucas peças. Foi uma tentativa declarada de nos assustar e causar medo através do ódio» referiu Rolando Galhardas, da Comissão Organizadora da Évora Pride, em declarações recolhidas pela Agência Lusa.

«Fizeram ainda refém o funcionário da câmara que se encontrava no local. Foi agredido verbalmente, coagido e ameaçado».

Alexandre Varela, vice-presidente da autarquia de Évora, condenou a brutalidade do ataque: um acto absolutamente condenável relacionado com intolerância, neste caso, aparentemente, de natureza sexual, que é, obviamente, abominável. Num Estado de Direito, não podemos tolerar situações destas», afirmou.

O autarca informou a Lusa de que o caso já foi «entregue às autoridades policiais e judiciárias», destacando a possibilidade de a Polícia Judiciária vir a assumir a investigação,«tendo em conta a natureza dos ilícitos criminais». O crime de discriminação e incitamento ao ódio contra pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física está tipificado no Artigo 240.º do Código Penal.

Todas as actividades planeadas para o 1.º Évora Pride vão realizar-se sem alterações, incluindo a primeira marcha de orgulho LGBTI+ em Évora, no dia 16 de Junho, às 18h, na Praça do Giraldo. «A luta contra a homofobia, transfobia, bifobia, interfobia e todas as formas de discurso de ódio é urgente, válida e começa agora», referem as organizações envolvidas.

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Os vários pedidos de apoio que a Marcha endereçou à CMP foram sistematicamente rejeitados (em alguns dos casos meses depois do pedido, a poucos dias da realização do evento): a organização quer realizar um arraial popular e associativo no final da 18.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, com a leitura de discursos.

«O pedido financeiro foi negado após quase 3 meses de silêncio por parte do gabinete da presidência, alegando que o único apoio que dariam já estava a ser negociado com a Ágora - Cultura e Desporto do Porto» (empresa municipal), explica a Marcha, no texto da petição que está a dinamizar para entregar na CMP. Após a autarquia negar o acesso ao Largo Amor de Perdição, foi renegociado um novo local: a Alameda das Fontainhas.

Assegurado o novo espaço, o executivo de Rui Moreira logo tratou de inventar novo entrave: a 19 de Junho, quase 15 dias antes do desfile, a Marcha recebeu uma nova comunicação da Ágora a informar que, «após análise interna», não seria possível realizar o arraial nas Fontaínhas, propondo o Parque Municipal do Covelo como alternativa (a terceira).

A mais de 3km do centro da cidade do Porto, onde se planeava, inicialmente, realizar a Marcha, as constantes reorganizações do local configuram uma tentativa desesperada, por parte de Rui Moreira e dos grupúsculos reaccionários que orbitam o seu pequeno poder, de relegar a população LGBTI+ do Porto à «invisibilidade».

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«Muito mau para o Porto»? Mas o PSD lá fez o acordo com Rui Moreira

A Presidência da Assembleia Municipal do Porto e algumas medidas pontuais, levaram o PSD a dar o dito por não dito. «Há um entrosamento entre o PS e Rui Moreira», e Rui Rio não quer escapar à equação.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, entregou a medalha municipal de honra ao seu antecessor, Rui Rio, durante uma cerimónia na Casa do Roseiral no Porto, a 9 de Julho de 2014
CréditosJosé Coelho / Agência Lusa

Por enquanto é pouco aquilo que se sabe do acordo que viabilizará o executivo de Rui Moreira, actual presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP). O PSD compromete-se a fazer aprovar o orçamento de 2022, a discutir os orçamentos dos anos seguintes e ficará com a presidência da Assembleia Municipal do Porto. Rui Moreira descarta Miguel Pereira Leite, das suas listas, apoiando agora o social-democrata Sebastião Feyo de Azevedo.

A mensagem é clara. O CDS-PP já não é o parceiro preferencial do presidente da CMP, relegado agora para segundo (ou terceiro) plano, preterido por um PSD que há poucos meses punha em causa a sua elegibilidade, pelo seu envolvimento no caso Selminho, denunciado no anterior mandato pelos eleitos da CDU.

Selminho: CDU exige que Câmara do Porto avance com acção visando a nulidade

Entre as reivindicações da CDU levadas à reunião extraordinária da Assembleia Municipal do Porto, esta segunda-feira, está a de a autarquia desenvolver uma acção para a «nulidade da transacção judicial acordada em Julho de 2014», que supõe a inclusão dos terrenos no PDM.

Investigação do «Público», divulgada no dia 18, revela que uma parcela do terreno que a Selminho adquiriu em 2001 pertence à Câmara do Porto
CréditosEdgar Jiménez / CC-BY-SA-2.0

De acordo com notícia avançada pelo JN, a proposta dos eleitos da CDU exige também «a suspensão da acção jurídica de simples aferição relativa a eventuais direitos conflituantes e, por outro lado, pretende que "todas as decisões e informação relevantes do processo Selminho passem obrigatoriamente a ser analisadas em sede do executivo municipal"». 

A CDU entende que a Câmara do Porto deve assumir «o facto de a titularidade do terreno ser inquestionavelmente municipal», cabendo à empresa de Rui Moreira, «se for capaz e quiser», provar o contrário em tribunal.

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É um volte-face nas perspectivas que os sociais-democratas tinham do mandato, e da pessoa, de Rui Moreira, que destruiu, segundo Rui Rio, «tudo o que de bom foi feito», que «não tem força para se impor» e que «não é uma pessoa confiável». Rui Moreira poderia mesmo tornar-se no primeiro presidente da CMP a ser «retirado pelo tribunal a meio do mandato» e a não poder «sair pela porta da frente».

Em comunicado enviado ao AbrilAbril, a CDU/Cidade do Porto considera que este acordo demonstra «a completa incoerência do PSD», ao mesmo nível da disponibilidade que Rui Moreira demonstrou para, sem hesitações, e mais uma vez, «fazer cair, desamparados, os seus apoiantes», quando assim lhe convém.

A CDU/Cidade do Porto, que nas últimas eleições autárquicas voltou a eleger Ilda Figueiredo, não tem dúvidas de que este acordo «não é positivo para a cidade e a sua população, permitindo a Rui Moreira manter as caraterísticas mais negativas da sua governação, tão criticada pelo PSD» e que só servirá para «acentuar as divisões no interior do movimento de Rui Moreira e do PSD, cujas consequências se constatarão mais cedo ou mais tarde».

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Também o apoio de 8 900 euros foi negado, na mesma reunião de executivo que decidiu, como boa política financeira, oferecer «cerca de 300 mil euros para a Comic Con Portugal», um evento de cultura Pop. Neste mesmo mandato, Rui Moreira e os partidos que o sustentam aprovaram um apoio financeiro de 600 mil euros ao festival Primavera Sound (o bilhete mais barato é de 120 euros).

«Queremos visibilidade e abrir o armário da cidade», reiteram os subscritores da petição da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, agendada para dia 8 de Julho, que tem como objectivo restituir a marcha ao centro da cidade. «Vamos erguer nossas vozes, marchar e celebrar com orgulho, demonstrando que o amor e a diversidade são forças revolucionárias».

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