O texto do documento alerta a ministra da Saúde «para a situação complicada da população, que necessita e recorre a este hospital», afirmando que não é solução a deslocação de dezenas de quilómetros para o hospital de Caldas da Rainha, que, para além do «evidente desconforto das crianças doentes e dos pais», aumenta as despesas para as famílias.
O descontentamento dos utentes surge na sequência do anúncio de que a urgência pediátrica de Torres Vedras ficaria desde a noite de quinta-feira até às 9h de sábado a funcionar sem pediatras, apenas com recurso a médicos de clínica geral. A administradora hospitalar já admitiu que constrangimentos semelhantes poderão voltar a repetir-se.
Para além desta situação, os peticionários recordam ainda que a população «perdeu [em 2013] a maternidade» e que ainda espera que a mesma venha a ser reposta.
Neste sentido, no passado domingo, centenas de pessoas, com cartazes e velas acesas, concentraram-se, à noite, em vigília frente ao hospital de Torres Vedras reivindicando manutenção da urgência pediátrica.
Este não é um caso isolado, tendo já sido objecto de contestação pelos utentes o encerramento em períodos nocturnos e ao fim-de-semana das urgências pediátricas do Hospital Garcia de Orta, em Almada. Também as urgências de pediatria no Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, estiveram, no ínicio do ano, 24 horas encerradas.
A ministra da Saúde não dá garantias
Em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, a ministra da Saúde disse que o assunto está a ser «trabalhado entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a administração do CHO», referindo que «a resposta estará sempre dependente do número de pediatras» e não dando garantias sobre o carácter definitivo ou não do reencaminhamento de doentes para as Caldas da Rainha.
Marta Temido tão-pouco avança com uma data concreta para a reabertura, em pleno, da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta.
A falta de profissionais qualificados tem tido consequências negativas na prestação dos cuidados de saúde às populações e decorre, por um lado, da degradação das condições de trabalho dos trabalhadores da Saúde, da sua desvalorização profissional e salarial e do desgaste acentuado por décadas de políticas de desinvestimento.
Nos últimos meses têm proliferado notícias que revelam falta de medidas políticas de defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) perante a saída de profissionais por aposentação, emigração ou para o sector privado.
As dezenas de anos de suborçamentação e de incentivos ao desenvolvimento de empresas privadas prestadoras de cuidados de saúde por parte sucessivos governos de PS, PSD e CDS-PP têm levado à falta de meios financeiros, recursos humanos, autonomia dos serviços e articulação destes entre si, gerando um permanente adiamento de soluções e prejuízos para as populações.
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