A cada dia que passa, as condições do Centro de Saúde do Bombarral (Leiria) «pioram» e a população do concelho «vê-se limitada e muitas vezes privada do acesso aos cuidados de saúde primários», denuncia a Comissão de Utentes, que no passado sábado realizou uma concentração frente àquela unidade de saúde, onde foi lançada uma petição.
O objectivo é levar as reivindicações à Assembleia da República e exigir soluções urgentes para que seja cumprido o direito constitucional do acesso à saúde. Até porque, revela a Comissão num comunicado, o Centro de Saúde do Bombarral «não dá resposta» à população do concelho. «Neste momento, existem cerca de dois médicos afectos ao Centro de Saúde, que não podem dar resposta aos mais de 12000 utentes do concelho», lê-se na nota.
Os enfermeiros do Centro Hospitalar do Médio Tejo estão hoje em greve aos turnos da manhã e da tarde pelo desbloqueamento da avaliação para progressão nas carreiras, entre outros direitos. A paralisação decorre entre as 8h e as 24h e tem como objectivo, segundo adiantou à Lusa a enfermeira Helena Jorge, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), «reivindicar que lhes seja retificado [aos enfermeiros] o tempo que não foi contado para progressão nas carreiras, que cumpram os horários de trabalho de modo a permitir os descansos e folgas, e para reiterar que somos totalmente contra a diminuição da dotação de enfermeiros». A «questão central» tem que ver com o problema da progressão das carreiras, um processo que remonta a 2018 e que estará a afectar 80% dos cerca de 700 enfermeiros do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT). «O CHMT, desde o descongelamento da administração pública, é um dos hospitais do País que menos contabilizaram os anos não avaliados […]. Não avaliou os enfermeiros entre 2004 e 2014, em períodos diferenciados», disse Helena Jorge, tendo feito notar que «há 20 e tal anos que estes enfermeiros continuam a ganhar o vencimento base da carreira, mantendo-se uma «discriminação entre os vínculos a contrato individual de trabalho (CIT) e da função pública, com menos férias, sem ADSE e muitas diferenças», num «problema que se arrasta desde 2018». Tendo afirmado que a greve «é uma decisão de último recurso» e que foi «ponderada pelos colegas», Helena Jorge reiterou que o protesto decorre «principalmente porque, já com a administração anterior, os enfermeiros foram muito penalizados por não serem avaliados no CHMT e no descongelamento [de carreiras] em 2018». Mas «há outros problemas, como o aumento do volume de trabalho extraordinário, não cumprimento dos regulamentos de horários, e não atribuição de um dia de férias aos enfermeiros com Contrato Individual de Trabalho (CIT)», acrescentou. Para 16 de Setembro está agendada uma reunião entre o SEP e o Conselho de Administração do CHMT. O sindicato admite novo pré-aviso de greve caso não haja resposta às reivindicações. Ainda a propósito da paralisação desta terça-feira, admite que ela é da responsabilidade da administração e que nenhum dos objectivos enunciados tem implicações financeiras. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Enfermeiros do Médio Tejo em greve contra agravamento das condições de trabalho
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A estrutura denuncia a falta de incentivos para que os profissionais de saúde se fixem no concelho, bem como a falta de condições «para realizar um trabalho com qualidade». A excessiva carga horária, equipas com poucos profissionais e a falta de «materiais e meios» são algumas das dificuldades com que os profissionais se confrontam e que ameaçam as necessidades dos utentes, que viram a marcação de consultas reduzida ao serviço telefónico, salvo no caso de situações agudas.
Já a tentativa de colmatar a falta de profissionais com médicos tarefeiros e a recibos verdes é vista pela Comissão de Utentes como uma «fraude». «Não resolve o problema de fundo e cria uma enorme instabilidade e rotatividade nos profissionais e nos utentes», além de ser paga, muitas vezes, «a preço de ouro, o que é mais uma falta de respeito para com os outros profissionais que fazem parte do quadro».
A Comissão sublinha que esta situação «perverte» o objectivo dos cuidados de saúde primários e destrói o papel do médico de família, mas não se rende ao retrocesso e destruição a que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido votado.
«Não nos conformamos com esta situação, e exigimos que seja rapidamente revertida e solucionada», alertam os utentes, que reclamam a colocação de médicos, enfermeiros e funcionários em número suficiente e a reabertura do serviço de atendimento permanente, dotado dos respectivos meios de diagnóstico.
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