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Utentes do Litoral Alentejano exigem respeito

Três centenas de utentes do litoral alentejano concentraram-se esta manhã em frente ao Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas, em Lisboa, para que não haja mais «sangue e morte» nas vias IC1 (N5/N120) e A26-1. O Ministério respondeu com novo adiamento e o protesto está para durar.

O encontro com o chefe de gabinete do secretário de Estado das Infra-estruturas aumentou a preocupação das comissões de utentes
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A acção convocada esta segunda-feira, e participada pelos presidentes dos municípios de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, é um reforço das acções de luta, mas também um grito de revolta e indignação de quem diariamente enfrenta os riscos da falta de intervenção nestas vias rodoviárias.

Durante a concentração, representantes das comissões de utentes foram recebidos pelo chefe de gabinete do secretário de Estado das Infra-estruturas, a quem entregaram uma moção aprovada pelos manifestantes. Apesar das exigências descritas no documento, e dos compromissos assumidos recentemente pelo Executivo, o chefe de gabinete afirmou que na A26-1, que liga Vila Nova de Santo André a Sines, as obras só começariam em Janeiro.

A informação contradiz a que deu o ministro Pedro Marques no passado dia 21, em Sines, onde esteve para assinalar a retoma das obras. A previsão dada então pelo ministro era a de que as obras, a realizar no prazo de três meses, deveriam estar concluídas até 31 de Janeiro.

Sobre a situação do IC1, especificamente do troço que liga Alcácer do Sal e Grândola, Dinis Silva, coordenador das comissões de utentes, revela que a situação é de impasse. «Segundo o chefe de gabinete, o contrato com a concessionária está suspenso e estão a avaliar se a estrada se mantém com a concessionária ou se regressa à esfera da Infraestruturas de Portugal (IP)».

«Não entendemos» 

Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, mostra-se estupefacto com a atitude do Governo e critica a posição do PS. «Enquanto esteve na oposição reclamou a reparação do IC1. Já passou um ano desde que é Governo e nada».

«Não entendemos porque não se resolvem os problemas nesta via que tem uma média de circulação de oito mil veículos», acrescenta. A par deste dado, por si significativo, Vítor Proença afirma que esta é uma estrada fundamental para o sul do país e que por isso não se entende a demora na resolução dos problemas assinalados.

«É um eixo norte-sul importante, por exemplo ao nível do transporte de mercadorias e do turismo, onde nos últimos quatro meses morreram quatro pessoas», afirma. Perante tudo isto, insiste que «vão continuarão a lutar».

«Chega de Sangue e Morte»

No documento que cidadãos e utentes aprovaram unanimemente esta manhã, tecem-se considerações que são também denúncias. Perante uma «situação inaceitável» devida ao crescente número de acidentes mortais «motivados pelo estado caótico do IC1», bem como pela «contínua permanência dos cones de sinalização na A26-1», criticam a postura de sucessivos governos que, dizem, vêm «empurrando com a barriga», deixando «o problema agravar-se, abandonando as populações e não ouvindo os nosso eleitos autárquicos».

Simultaneamente reprovam o facto de estas infra-estruturas rodoviárias, que integram a designada Subconcessão da Auto-Estrada do Baixo Alentejo, serem «alvo de ruinosos processos de contratos de Parcerias Público-Privadas».

Apesar de todas as contrariedades e adiamentos, cidadãos e utentes exigem o início imediato e definitivo das obras do IC1 e a conclusão definitiva das obras da A26-1, que inclui a construção de passagem pedonal em Vila Nova de Santo André e a retirada integral de todos os cones de sinalização existentes no troço de estrada da mesma localidade e Sines.

Reivindicam ainda uma «clarificação definitiva» por parte do Governo, sobre «quando será efectivada a transferência definitiva destas infraestruturas e/ou a responsabilização da gestão das mesmas para a IP», a par do respeito pelas populações, utentes e utilizadores destas vias. «Basta de insegurança e de condicionar o desenvolvimento e a valorização económica, turística e social destes concelhos», sustentam. 

Dinis Silva informa que a coordenadora das comissões de utentes vai reunir na próxima semana para definir nova estratégia porque, diz, «mais acções de luta têm que vir para a rua». Recorde-se que, nos últimos quatro meses, quatro pessoas perderam a vida devido a acidentes sofridos no IC1.

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