A Comissão de Utentes do Seixal queixa-se de um «total desaproveitamento» dos espaços atribuídos aos parques de estacionamento nos quatro terminais intermodais do concelho, designadamente no Terminal Fluvial do Seixal e nas estações do Fogueteiro, Foros de Amora e Corroios.
Numa petição lançada recentemente com o objectivo de levar o tema ao Parlamento, defende-se que a utilização destes espaços deve estar contemplada no passe Navegante Metropolitano, lançado em Abril, de acordo com as necessidades de mobilidade concelhias.
António Freitas, da Comissão de Utentes do Seixal, revela ao AbrilAbril que desde a entrada em vigor dos novos passes Navegante houve uma corrida de pessoas ao comboio, acrescentando que, no fim do Verão e particularmente no Seixal, os barcos passaram também a ter mais passageiros.
Denuncia, porém, que «as pessoas evitam o custo dos parques de estacionamento [no Seixal é de 14,85 euros] porque nem sempre utilizam o mesmo tipo de transporte, com consequências na circulação automóvel e no estacionamento desordenado, apesar de haver parques de estacionamento com lugares vagos ou mesmo encerrados».
Por outro lado, defende que o pagamento dos parques não se coaduna com a dinâmica de mobilidade que os novos passes introduziram. «Se eu tiver passe e pagar parque, fico refém daquele tipo de transporte», alerta, lembrando de seguida que «nem todas as pessoas têm um horário das 9h às 17h».
«Para quem tenha que ir trabalhar muito cedo, ao fim-de-semana ou para quem trabalha numa superfície comercial em Lisboa, com saída às 22h, as ligações rodoviárias depois destes grandes eixos, por exemplo no Fogueteiro ou em Foros de Amora, são fracas», denuncia.
O representante realça que quem tenha possibilidade de levar carro para junto da estação pode poupar uma hora na deslocação, mas que as pessoas evitam utilizar os parques da Fertagus e do Seixal devido aos custos associados. «No Seixal temos um parque com 1900 lugares e uma taxa de utilização de cerca de 300 veículos por dia», aclara Freitas.
A Comissão de Utentes do Seixal realça que não deve existir um tratamento discriminatório dos munícipes na Área Metropolitana de Lisboa (AML), havendo «uns com acessos gratuitos [nomeadamente Pinhal Novo, Palmela, Montijo e Penalva] a parques e outros não», e exige a afectação dos parques de acordo com a mobilidade concelhia, enquanto incentivos a uma política de mobilidade urbana no uso do transporte público.
«Com a implementação do passe intermodal metropolitano e concelhio, em Abril de 2019, foi dada resposta a várias das reivindicações dos utentes pelo direito à mobilidade bem como uma redução substancial nos gastos mensais fixos», lê-se no texto da petição. Os utentes lamentam, no entanto, que a política de desinvestimento nos transportes públicos não tenha sido invertida, desde logo com o necessário aumento da resposta e qualidade do serviço público.
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