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Vida Justa vai fazer uma «Grande Marcha dos Bairros» para mudar o que está mal

O movimento Vida Justa vai organizar uma Grande Marcha dos Bairros nos meses de Março e Abril. O anúncio foi feito na primeira Assembleia Popular dos Bairros que decorreu no Centro Cultural de Carnide em que juntou três centenas de pessoas.

Créditos / DR

O anúncio foi feito na primeira Assembleia Popular dos Bairros, que decorreu no Centro Cultural de Carnide, no Bairro Padre Cruz, em Lisboa, e que juntou três centenas de pessoas das várias comunidades da área metropolitana da capital e também de Abrantes e Tomar.

Mãe e quatro filhos despejados, no início desta semana, no Bairro 1.º de Maio em Queluz. Dezenas de pessoas vão perder a casa nessa localidade e ser atiradas para a rua.

Odair Moniz foi morto, a tiro, por um polícia na Cova da Moura, na madrugada do dia 21 de Outubro. Esta morte provocou uma onda de revolta nos bairros da periferia da Área Metropolitana de Lisboa, finalizando na grande manifestação a pedir justiça para Odair, convocada pelo movimento Vida Justa a 26 de Outubro, sob o lema: «Sem Justiça não há paz».

Estes foram alguns dos acontecimentos que sacudiram as periferias em pouco mais de um mês. Multiplicam-se os despejos, a violência policial e crescem as desigualdades sociais e o sofrimento da classe trabalhadora nas periferias.

A Vida Justa, movimento que organiza os moradores dos territórios populares, realizou uma Assembleia Popular dos Bairros para responder aos problemas destas comunidades.

Nessa assembleia, as três centenas de representantes dos bairros decidiram vários pontos, para além da Grande Marcha dos bairros: uma campanha pelo fim das ZUS (Zonas Urbanas Sensíveis), lançar uma rádio online e um jornal dos bairros para divulgar o que se passa nas comunidades populares da periferia, e um torneio de futebol, com o objectivo de «unir os jovens dos bairros e acabar com desavenças que não lhes permitem ver quem são os seus verdadeiros inimigos».

Durante a assembleia os participantes dividiram-se em grupos de trabalho com o objectivo de inventariar problemas, encontrar soluções e traçar as formas de acção e luta para conseguir melhorar a vida nos bairros.

No documento que serviu de orientação da assembleia de 24 de Novembro, o movimento assinala que «a periferia não é um lugar geográfico», mas «político», onde «as populações mais exploradas, pobres, racializadas e imigrantes são afastadas do poder de decisão».

Habitação, transportes, imigração, violência policial, salários, preços e serviços públicos e poder popular foram os temas em foco na primeira Assembleia Popular dos Bairros. Nas conclusões ficou marcada, mas não agendada, a convocação de uma nova Assembleia Popular dos Bairros para o segundo semestre de 2025.

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