O primeiro dia das jornadas do CDS-PP terminaram com um debate em que o secretário-geral da UGT e o presidente da CIP trocaram impressões sobre a situação de conflito laboral na Autoeuropa para chegarem à conclusão que estão de acordo em relação ao essencial: deviam aceitar a desregulação dos horários, ou os alemães da Volkswagen ainda «perdem a paciência». Há muitos «países interessados» em receber uma fábrica da empresa germânica, avisou Carlos Silva.
O homem que devia assumir a defesa dos direitos dos trabalhadores – afinal, é dirigente sindical – não teve uma única palavra para a tentativa de imposição do trabalho aos sábados como obrigatório pela empresa. Já críticas à comissão de trabalhadores (CT) e aos «agitadores profissionais» que participam nos plenários onde as decisões são tomadas pela maioria dos trabalhadores da empresa não faltaram.
UGT e patronato em defesa de António Chora
Outra matéria em que ambos convergiram foi na defesa da anterior comissão de trabalhadores, que viu quatro pré-acordos com a administração chumbados em referendo. O destaque foi para a figura de António Chora, dirigente do BE e ex-coordenador da CT, que saiu da empresa pouco antes do início das negociações sobre o novo horário de trabalho.
Chora, de 63 anos, trabalha actualmente como consultor de uma empresa de trabalho temporário do grupo Volkswagen, a Autovision, apurou o AbrilAbril. Isto apesar de ter saído da Autoeuropa no início de 2017 para a reforma, quando disse ter como horizonte a sua actividade como eleito do BE na Assembleia Municipal da Moita e de querer dar aulas «sobre cultura sindical em cursos de gestão e de recursos humanos», em declarações ao Jornal de Negócios.
Depois de Carlos Silva visar a CGTP-IN, António Saraiva acusou a central sindical de aproveitar a «oportunidade, colocando um vírus na empresa».
Ministros do CDS-PP responsáveis por desregulamentação dos horários
Ambos falaram nas jornadas parlamentares de um partido cujas propostas de conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar passam pelo alargamento dos horários das creches e jardins de infância e a transmissão de direitos dos pais para os avós em matérias relacionadas com a redução e flexibilidade nos horários de trabalho.
Foi durante a tutela de ministros do CDS-PP sobre a área do Trabalho – Bagão Félix e Pedro Mota Soares – que foram aprovadas várias alterações à legislação laboral, nomeadamente a criação e generalização de instrumentos como a adaptabilidade e o banco de horas.
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