A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) alertou para os prejuízos que a greve dos motoristas vai causar aos agricultores, num momento em que é necessário «manter as culturas», e apelou ao reforço do gasóleo verde nos postos durante a paralisação.
«O nosso desejo é que não haja greve, mas de facto a lavoura está a entrar num período em que necessita de combustível e, se falhar, os agricultores têm prejuízo porque não conseguem manter as culturas num bom estado de crescimento», afirmou ontem um dirigente da CNA.
João Dinis falou à Agência Lusa à margem de uma manifestação de protesto contra os estragos causados nas terras da agricultura familiar pela proliferação de animais selvagens cujo habitat foi destruído pelos recentes incêndios.
O responsável sublinhou ser «melhor que as partes cheguem a acordo» mas, a não se concretizar o mesmo, apelou ao Governo para que contemple, no seu plano de serviços mínimos para a paralisação, um reforço do gasóleo verde nos postos de abastecimento durante a paralisação.
João Dinis garantiu ainda que a greve em causa vai também afectar a alimentação animal, o que irá penalizar a qualidade da carne dos animais e do leite.
Negociações prosseguem e Fectrans pede audiência ao ministro do Trabalho
Nos últimos dois dias realizaram-se reuniões de negociação entre a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM).
Tendo em conta o prosseguimento das negociações, a Fectrans ainda não entregou qualquer pré-aviso de greve. Segundo declarações ao AbrilAbril de José Manuel Oliveira, coordenador da Fectrans, no passado dia 18 de Julho, as negociações decorrem do protocolo negocial estabelecido em Maio passado entre a federação sindical e os representantes dos transportadores, que também noticiámos oportunamente.
Em paralelo ao prosseguimento das negociações com a associação patronal, a Fectrans solicitou, nesta segunda-feira, uma reunião com o ministro do Trabalho para reafirmar a necessidade de intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e da Segurança Social afim de obrigar as entidades patronais a cumprirem com o Contrato Colectivo de Trabalho Vertical (CCTV) do sector rodoviário pesado de mercadorias (ver «caixa»).
Para a estrutura sindical, com a sua publicação no Boletim do Trabalho e Emprego e com a portaria de extensão, o CCTV passou a ter força de lei e tem de ser cumprido por todas as empresas. O cumprimento do CCTV do sector rodoviário pesado de mercadorias tem sido uma preocupação constante por parte da estrutura da Fectrans, que já reuniu com a ACT e já contactou com a Segurança Social, alertando para a obrigatoriedade da sua intervenção.
A federação sindical lembrou que, «sempre visando a unidade de quem trabalha», aceitou agendar uma reunião para o passado dia 1 de Julho último, que acabou por não se realizar porque os outros sindicatos cancelaram a sua presença e anunciaram «acções próprias e de forma unilateral».
Os sindicatos a que se refere a Fectrans anunciaram para 12 de Agosto uma greve por tempo indeterminado que ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias e bens essenciais.
O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.
com Agência Lusa
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