É a submissão aos submissos. Parece ser esta a postura de Luís Montenegro face às tarifas anunciadas pelos EUA e a necessária resposta de Portugal face ao sucedido. O primeiro-ministro, foi hoje questionado sobre o assunto e, apesar de dizer que está preocupado, disse ainda: «estamos a acompanhar, estamos em diálogo permanente com a Comissão Europeia e estamos também a tratar da nossa parte mais individualmente considerada».
As críticas à ausência de uma acção governativa estão a avolumar-se e da parte do Executivo não parece haver grande urgência, mesmo atendendo ao facto das medidas norte-americanas impactarem Portugal, uma vez que os EUA são o principal parceiro comercial extracomunitário de Portugal, com o peso das exportações de bens a representar 2% do PIB em 2023.
As declarações do primeiro-ministro à saída de uma sessão sobre inovação e digitalização em Portugal, no Museu das Comunicações, em Lisboa, pouco ou nada dizem, a não ser que toda e qualquer acção portuguesa será feita mediante orientações de Bruxelas. Surge, então, o problema da Comissão Europeia parecer estar em negação face às intenções dos EUA.
Após consultas entre os Estados-membros, a Comissão Europeia anunciou hoje tarifas de 25% sobre um conjunto de produtos como amêndoas, sumo de laranja, aves de capoeira, soja, aço e alumínio, tabaco e iates. Embora as tarifas sejam recíprocas, Ursula von der Leyen disse ontem que a Comissão Europeia propôs aos EUA um acordo para eliminar os direitos aduaneiros sobre todos os produtos industriais, mesmo depois da Casa Branca já se ter mostrado irredutível.
A presidente da Comissão Europeia, além de evidenciar uma postura de submissão face aos interesses americanos, também apelou à China para não retaliar. Segundo um comunicado do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, pediu ao primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que se «evite uma escalada» na sequência das tarifas aduaneiras impostas. A China, no entanto, já anunciou tarifas de 85%.
Face a esta postura de desnorte no quadro Europeu, até porque as tarifas americanas podem obrigar a um desanuviamento das tarifas europeias impostas à China, Luís Montenegro opta por nada dizer no concreto, reservando para a reunião do Conselho de Ministros uma eventual decisão que deve somente seguir o guião dado por Bruxelas.
Ontem, diversas associações patronais reuniram com o ministro da Economia e no rol de medidas pedidas aparece, mais uma vez, a redução do IVA, uma forma descarada das grandes empresas poderem manter as margens de lucro. Além disto, o patronato pediu a procura por novos mercados e parceiros comerciais.
A verdade é que a actual situação coloca dois problemas à débil economia portuguesa: dificulta as importações, algo central dado o desmantelamento do aparelho produtivo nacional; e colocará dificuldades aos pequenos e médios produtores que verão o mercado interno entupido pela produção dos grandes produtores que os poderão esmagar.
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