Após ter anunciado os resultados finais do concurso de teatro no passado dia 3 de Dezembro, a Direcção-Geral das Artes (DGArtes) divulgou ontem a lista final. A selecção é simples: para receberem apoio, as candidaturas têm de obter uma pontuação acima de 60%.
Acontece que das 58 candidaturas admitidas a concurso, 33 (58%) terão direito ao apoio à sua actividade. É aqui que reside o problema. Das 25 candidaturas que não conseguiram alcançar o financiamento da DGArtes, 15 companhias tiveram pontuações finais entre os 60,14% e os 74,56%.
A não atribuição do financiamento, segundo a DGArtes, deve-se ao facto de «ter sido esgotado o montante global disponível» para apoiar as companhias, ou seja, a instituição pública ficou sem dinheiro e, como tal, materializou uma clara injustiça na medida em que não é por demérito próprio que não vão ser apoiadas.
Importa relembrar que no ano passado, segundo estimativas da NATO, Portugal investiu quase 4,3 mil milhões de euros na Defesa e o primeiro-ministro quer antecipar os 2% do PIB no sector no ano de 2027, um acréscimo de 1,58 mil milhões de euros nos próximos três anos.
O contraste das prioridades é claro se tivermos em conta que a DGArtes tinha montante financeiro global disponível de 10,08 milhões de euros (a repartir por dois anos), para o concurso de teatro, o que até pode representar um aumento de 68% em relação ao ciclo anterior (2023/2024), mas claramente insuficiente e demonstrativo da desvalorização da cultura, resultado das sucessivas políticas de direita.
Também na distribuição territorial dos apoios pode analisar-se a política cultural. Das 33 companhias apoiadas, 11 são da Grande Lisboa, outras 11 do Norte, três do Algarve e outras três do Centro, duas da região Oeste e Vale do Tejo e uma nas regiões do Alentejo, Península de Setúbal e Região Autónoma dos Açores.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui