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(Des)união europeia salta à vista

Os bloqueios e resistências à adopção de soluções para ajudar os estados-membros ilustram a sobranceria e arrogância de um directório que se opõe a qualquer desvio aos seus ditames.

Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
CréditosOlivier Hoslet / EPA

Nas últimas semanas, têm-se verificado na União Europeia (UE) situações que reflectem a falta de solidariedade deste projecto de integração: desde violentos atropelos na corrida ao material disponível no mercado internacional; à retenção de equipamentos nas alfândegas de alguns países.

Os bloqueios e resistências à adopção de soluções para ajudar os Estados-membros ilustram a sobranceria e arrogância de um directório que se opõe a qualquer desvio aos seus ditames, contrastando com a agilidade com que se assiste o capital financeiro, num caminho que se assemelha ao seguido após a crise de 2008.

A resposta da UE, que o próprio António Costa classificou de «manifestamente insuficiente», resume-se a «autorizar» que os fundos estruturais e de investimento possam ser utilizados para fazer face a despesas de combate à pandemia e aos seus impactos económicos. Ou seja, não prevê um reforço dos meios, deixando as outras áreas, onde estes fundos seriam inicialmente investidos, sem recursos. Muito haveria onde ir buscar, como na realocação do dinheiro destinado ao intervencionismo externo, à propaganda e à militarização da UE.

São vários os exemplos que nos deixam uma sensação de déjà vu. Mais uma vez, a Holanda começa por atirar culpas para os países do Sul sugerindo, através do seu titular das Finanças, que a Espanha devia ser investigada por ter dito que não tinha margem orçamental para responder à crise.

Um país como Portugal, a aguardar por respostas do Conselho Europeu e amarrado a uma dívida impagável, não terá condições para proteger as pessoas, o emprego e a actividade produtiva. Nesse sentido, deverá, pelo contrário, lutar pela reposição da sua soberania monetária e económica e tomar no plano nacional as medidas necessárias para defender os interesses da maioria: investimento nos meios de combate à pandemia, nomeadamente nos sistemas públicos de saúde – infraestruturas, equipamentos, profissionais; apoio às economias nacionais através das micro, pequenas e médias empresas, a par da salvaguarda de sectores estratégicos. 

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