A situação é descrita pelo Jornal de Notícias na sua edição de hoje. Há aldeias em que a Altice não repôs a rede de cobre, nem o vai fazer. A alternativa é o serviço por fibra óptica, mas implica serviço de televisão por subscrição que muitos dos clientes, idosos, não querem, já que implicam uma mensalidade que ultrapassa o dobro do que pagavam até os cabos arderem.
A empresa diz que a culpa é dos clientes, que não aceitam, e que até já forneceu telemóveis para suprir a ausência de serviço. O problema é que há zonas em que não há rede. Uma popular conta que uma idosa teve que fazer dois quilómetros a pé para conseguir utilizar o aparelho, enquanto o seu marido se sentia mal. É este o lastro deixado, não só pelo fogo, mas pela privatização da Portugal Telecom e a liberalização do sector das telecomunicações.
A multinacional francesa defende-se com isso mesmo: não tem qualquer obrigação de prestar o serviço público universal, que foi entregue à Nos. No entanto, a Altice herdou o monopólio da PT e continua a ser a única com presença em largas porções do território nacional, particularmente no Interior.
Ao diário, a empresa chega mesmo a dizer que a alternativa que propõe «traduz uma melhoria nos serviços» e que «não tem qualquer custo para o cliente». O último argumento é claramento desmentido por uma habitante de uma aldeia da Sertã (Castelo Branco), que diz ter-lhe sido proposto uma subida de 13 para 29 euros mensais, e pelo secretário-geral do PCP, que, no último debate quinzenal, denunciou situações em que a Altice está a pedir o custo da ligação por fibra óptica até casa dos clientes.
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