|debates

Depois de fugir ao escrutínio, Montenegro quer fugir aos debates

O mesmo que disse aos deputados «eu às vezes tenho mais que fazer do que vos estar a responder diariamente», não quer agora debater. Luís Montenegro só quer debater com PS, Chega, IL e PCP, sendo que no ano passado já tinha tentado fugir ao debate com os comunistas.

CréditosJosé Sena Goulão / Lusa

Avançado por diferentes órgãos de comunicação social, ficou-se hoje a saber que Luís Montenegro pretende não comparecer em vários debates televisivos entre partidos com assento parlamentar. Ao que se sabe, o primeiro-ministro do Governo que não mereceu confiança da Assembleia da República quererá apenas debater com os líderes de PS, Chega, Iniciativa Liberal e PCP, tendo indicado o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, parceiro de coligação, para debater com BE, Livre e PAN.

De notar que o mesmo tendo também fugir ao debate com o PCP no ano passado, tendo os comunistas, à data, emitido um comunicado no qual acusava o presidente do PSD de «fugir do debate com Paulo Raimundo sobre a situação do País, as soluções e respostas para os problemas nacionais». Os comunistas também registaram que «depois de acordado um modelo de debates entre as televisões e os partidos com representação parlamentar, o PSD e o seu presidente querem agora esconder-se e esconder o seu projecto atrás de pretextos».

Face às notícias que se avolumavam, na rede social X (ex-Twitter), Luís Montenegro justificou a sua ausência com a seguinte publicação: «No último ano participei em 18 debates na Assembleia da República com todos os líderes partidários. Não fujo a nenhum debate, mas a democracia deve respeitar que numa coligação possam intervir todos os parceiros com representação parlamentar. E a campanha eleitoral não acabará sem me cruzar em debate com todos». 

A justificação é, no entanto, pouco convincente para grande parte dos analistas e tem levantado questões, uma vez que além do CDS-PP, também o Partido Popular Monárquico compõem a coligação Aliança Democrática juntamente com o PSD. Ou seja, se a intenção é colocar Nuno Melo a debater, já que se «deve respeitar a coligação», então não se entende a razão pela qual Gonçalo da Câmara Pereira também não é indicado para debater. 

As reacções não se fizeram esperar

Como  não podia deixar de ser, os líderes dos vários partidos já reagiram ao sucedido. Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, numa visita à Futurália, relembrou que Luís Montenegro já tentou usar a mesma estratégia no passado com o seu partido, mas «depois teve que enrolar a corda». O comunista diz não ver razões de fundo para o presidente do PSD fugir ao debate. 

Pelo PS, Pedro Nuno Santos, foi duro nas críticas a Luís Montenegro: «Fugir ao debate revela medo e um padrão preocupante num candidato a primeiro-ministro». O mesmo entende que o chefe do executivo «divide os partidos entre partidos de primeira e de segunda. Os debates são essenciais para a democracia e para a relação de confiança entre eleitos e cidadãos. Não podemos enfraquecer o pluralismo democrático». 

Uma das visadas, Mariana Mortágua, desafiou Luís Montenegro a debater. A coordenadora do Bloco de Esquerda disse ainda que este «está a abrir um precedente em que qualquer candidato apresenta-se a eleições dizendo “eu vou debater com aquele” e enviam outra pessoa para debater com alguém que não dá jeito debater». 

Já o PAN defende que «Nuno Melo é ministro da Defesa nacional e não da Defesa pessoal» e diz que «depois de ter arrastado o país para mais uma crise política, porque quis fugir ao escrutínio, Luís Montenegro foge agora ao debate com todos os partidos com assento parlamentar». 

Os debates deverão arrancar no próximo dia 8 de Abril e terminam dia 28. Ao todo serão 27 frente-a-frente entre todos os líderes partidários nos canais generalistas e no cabo, e um debate final entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, um modelo que visa apenas projectar duas forças políticas - AD e PS.

 

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui