Na reunião realizada esta quarta-feira com a comissão de trabalhadores e sindicatos, a comissão executiva tentou passar um sentimento de tranquilidade.
Omitindo o que está a preparar para 2021, a estrutura comandada por Pedro Leitão, que estará de candeias às avessas com o conselho de administração do banco, liderado por Carlos Tavares, anunciou que iam fechar 39 balcões até ao final do ano e deu a ideia de que o plano de saída de 800 trabalhadores (não confirmando o número) é para executar em dois anos, sendo esta a cifra que a instituição remeteu para os ministérios da Economia e do Trabalho e para o Banco de Portugal, no âmbito do estatuto de empresa em reestruturação, que lhe permite aceder a apoios estatais para pagar as rescisões.
Fonte do AbrilAbril revela que, até ao final deste ano, o Banco Montepio vai propor a reforma antecipada a cerca de 150 trabalhadores, a partir dos 55 anos. Adianta que esta é a parte «fácil» da estratégia que está a ser trilhada pelo banco, por serem pessoas que têm o fundo de pensões praticamente fundeado e o valor que é preciso comportar para o preencher é muito pequeno.
Relativamente às chamadas rescisões amigáveis, não foram feitas quantificações e os responsáveis mostraram-se receptivos ao recebimento de propostas, por parte dos trabalhadores que «queiram» tomar a iniciativa, e à negociação das condições para a sua saída.
O engenho é utilizado para camuflar despedimentos, já que os trabalhadores ficam com subsídio de desemprego, pago pela Segurança Social. Mas os prejuízos para quem vive do seu trabalho não se ficam por aqui. Aquando da reforma destes trabalhadores, o cálculo já não será feito de acordo com as (mais vantajosas) normas do sector bancário mas sim com as da Segurança Social, podendo o valor da pensão ficar reduzido a metade.
Banco perde quota de mercado por má gestão
Nos últimos anos, o Banco Montepio tem vindo sucessivamente a perder quota de mercado em relação aos outros bancos, tendo acumulado prejuízos de 51,3 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020 porque, entendem os trabalhadores, as administrações «nada fizeram» para os evitar.
Como exemplo, a campanha publicitária de crédito habitação em curso, que surge com, pelo menos, «três anos de atraso», uma vez que desde então o Banco Montepio está a perder quota de mercado nesta área.
De uma forma genérica, a banca está a reduzir os seus quadros de pessoal e a aumentar o volume de negócios por trabalhador. No Montepio, a situação é inversa, se se atender à dimensão da sua administração, composta por 15 pessoas, entre cargos executivos e não executivos, a beneficiarem de privilégios como carros e cartões de crédito, entre outros.
Na óptica dos trabalhadores, o plano de recuperação da empresa devia levar em conta a diminuição dos salários do conselho de administração e de boa parte das premendas que auferem, mas também do encontro de outras medidas que pudessem resultar em poupanças, sem passar pela, «sempre fácil», redução do número de trabalhadores.
O tema foi abordado esta quarta-feira, por Jerónimo de Sousa, que no Parlamento reivindicou a proibição dos despedimentos e o fim dos cortes salariais, independentemente de haver lucros, condição imposta pelo BE para a proibição de despedimentos, que, neste caso, afectaria os trabalhadores do Banco Montepio.
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