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«A opção pela Base Aérea do Montijo não beneficia o país nem a região»

A Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) contesta a decisão do Governo de instalar o novo terminal do Aeroporto de Lisboa no Montijo que, além de não beneficiar o país nem a região, favorece o grupo francês Vinci.

O Aeroporto Humberto Delgado quase esgotou a capacidade das suas instalações em 2016, com mais de 22 milhões de passageiros
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Numa conferência de imprensa realizada ontem na Câmara de Alcochete, a AMRS e os municípios seus associados afirmaram a sua posição sobre a necessidade de um novo Aeroporto de Lisboa, instalado no Campo de Tiro de Alcochete, enquanto «elemento importante da estratégia de desenvolvimento que os municípios e os actores económicos e sociais da região têm defendido».

Acerca da opção tomada pelo Governo, de construir um terminal do actual Aeroporto Humberto Delgado na Base Aérea n.º 6 no Montijo, os municípios de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Palmela, Seixal e Sesimbra assumiram que «não é a solução mais adequada nem para o país nem para a região, mas sim uma solução limitada na sua capacidade e, consequentemente, na sua duração». A posição é também subscrita pelo município de Setúbal, mas mereceu o voto contra do autarca do Montijo.

Na tomada de posição redigida pela AMRS evidencia-se que a aposta na construção do terminal no Montijo «pode significar perder o acolhimento de um equipamento estruturante, capaz de um impulso determinante ao seu crescimento económico, substituindo-se por uma outra, com um investimento comparativamente diminuto, que se aponta como meramente complementar do Aeroporto da Portela».

Acrescenta-se que o resultado da instalação deste terminal no Montijo é, previsivelmente, «bastante reduzido», tanto ao nível da criação de emprego, como no que respeita à atracção de investimento ou à ligação ao tecido económico local. Tal interpretação decorre de estar a ser planeado para o Montijo um terminal de passageiros para as companhias low cost, com ligações rápidas a Lisboa.

Opção pelo terminal beneficia a Vinci

Ao mesmo tempo, a AMRS denuncia que a opção pela Base Aérea n.º 6 no Montijo beneficia o grupo francês Vinci, que detém a ANA - Aeroportos de Portugal,  pelo facto de assim ser «desobrigada» de investir num novo aeroporto, enquanto os encargos de adaptação das pistas e instalações da Base Aérea são «incomparavelmente menores». Afirmam ainda que o investimento dispensado à Vinci «será necessário no médio prazo, a expensas então do erário público».

Os municípios reiteram que o necessário para o País e região é a construção do novo Aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro, «opção que responde às necessidades actuais e futuras de Portugal relativamente ao tráfego aéreo, de passageiros e de mercadorias».

A AMRS lamenta que as decisões sobre «um projecto desta importância e de grande impacto sobre a região», sejam preparadas sem o envolvimento e a auscultação dos municípios, e vai solicitar uma reunião urgente com o primeiro-ministro, António Costa.

«Montijo não é alternativa nos voos de longo curso»

A Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA) defendeu hoje que a base aérea do Montijo não é alternativa ao Aeroporto de Lisboa nos voos de longo curso, caso avance a desactivação de uma das duas pistas do Aeroporto Humberto Delgado, conforme o plano de expansão definido pela ANA. 

Em declarações à Agência Lusa, o presidente da APPLA esclareceu que «o Governo já está absolutamente ciente de que a pista 01/19 do Montijo, fechando a 17/35 [a mais segura para aterrar no Aeroporto de Lisboa], não é uma alternativa para voos de longo curso, pois é muito pequena, não tem ajudas rádio que permitam aterragens por instrumentos e o pavimento, eventualmente, não tem resistência para suportar aviões de grande porte».

Acrescenta este responsável que a actual pista do Montijo, em termos de tamanho e resistência, poderá receber apenas aviões de pequeno e médio curso, até ao Airbus A-321 ou o Boeing-737, excluindo-se assim o tráfego de longo curso. 

Admite-se a necessidade de desenvolver um trabalho profundo com os pilotos no caso de não se encontrar uma solução. Caso contrário, o presidente da APPLA, esclarece que «têm de se tomar medidas, com aumento de custo para as empresas e a alteração do perfil operacional por parte dos pilotos, no que diz respeito ao Aeroporto de Lisboa, para que quando não conseguirem aterrar em Lisboa estejam preparados para seguirem para o aeroporto alternativo, que poderá ser Porto ou Faro».

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