Em entrevista à TVI Assunção Cristas propõe «abrir a travessia do Tejo» a empresas privadas como solução para o «drama que 400 mil pessoas sofrem todos os dias para conseguir atravessar o Tejo», reporta o Jornal Económico (JE) de hoje.
Na entrevista, concedida na segunda-feira àquela estação televisiva, a líder do CDS-PP propõe-se abrir aos privados a travessia do Tejo, segundo o JE para combater as greves nos transportes – escamoteando que as greves são um fenómeno abrangente cuja origem nada tem a ver com a natureza pública ou privada das empresas onde se verifica. Em Abril e Maio deste ano, por exemplo, os trabalhadores da Transportes Sul do tejo (TST), empresa detida pela multinacional alemã Arriva, realizaram três dias de greve contra os mais baixos salários da região e horários de trabalho mal organizados.
«entre 2011 e 2015, durante os governos do PSD e do CDS-PP; o grupo Transtejo perdeu 10% dos trabalhadores e o investimento na frota passou de mais de 3 milhões para 53 mil de euros. Em cinco anos, apenas quatro em 30 navios tiveram intervenções de fundo»
Assunção Cristas cavalgou os transtornos provocados pelas constantes reduções de serviço de barcos pela Soflusa, por incapacidade de a empresa responder à maior procura despertada pelos novos passes sociais, bem como as paralisações dos trabalhadores que exigem a admissão de mais pessoal para permitir a intensificação dos meios disponíveis.
Recorde-se que, entre 2011 e 2015, durante os governos do PSD e do CDS-PP; o grupo Transtejo perdeu 10% dos trabalhadores e o investimento na frota passou de mais de 3 milhões para 53 mil de euros. Em cinco anos, apenas quatro em 30 navios tiveram intervenções de fundo.
Sobre a intervenção do Estado para travar e reverter a situação calamitosa nas empresas públicas de transportes, entre as quais se encontra a Soflusa, devido ao desinvestimento e degradação causados pelos anos de governação da coligação PSD/CDS-PP, Assunção Cristas, referindo-se obviamente ao Governo PS, afirmou que «o Estado deve fazer o seu trabalho e investir nas empresas como de resto tem prometido e infelizmente não tem cumprido».
A preocupação estaria bem se, em Novembro de 2018, Assunção Cristas não se tivesse permitido chumbar o reforço de meios para a Transtejo e para a Soflusa, formalmente pedido pelo PCP em sede de discussão de Orçamento de Estado para 2019. A proposta, que reuniu o apoio do BE, não passou da Comissão Parlamentar de Economia e Finanças, onde PSD e CDS-PP se aliaram ao PS para rejeitar a proposta através da sua abstenção e do voto contra do partido do Governo.
Ao propor como solução «das greves» o «abrir à concorrência a travessia do Tejo», a líder do CDS-PP confirma que o desinvestimento no sector público de transportes durante o seu governo com o PSD não se deveu a imposições de qualquer troika mas a um desígnio de liquidação das empresas de serviço público para beneficiar o grande capital privado, por quem o CDS-PP esquece os interesses dos trabalhadores, dos pensionistas, dos estudantes e dos micro-proprietários – a esmagadora maioria dos contribuintes de que o seu partido um dia pretendeu ser o representante.
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